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Mostrando postagens de julho, 2016

A Volta

(Víctor Lemes) Debruçado à janela se encontra Meu reflexo, a observar os passos Que deixei na estrada de terra Em frente à sua morada Parti sem ter olhado uma vez sequer Para os pedregulhos do chão Isto foi o que menti para o coração Mas, na verdade, meu medo fez-me vacilar E, por vezes, fiz dos meus erros Falsos acertos, esperando que alguns anjos Disfarçados de pedaços de vidros coloridos Viesse ao meu socorro, afinal, Ouvi suas badaladas como um sinal Me convidando a passar a noite Na catedral, e por lá sentir O quão distante escolhi do meu eu ficar Dormia na frente das tabernas Que após ter me deixado naquela janela Não ousei mais entrar E escrevia em pedaços de papéis velhos Como se quisesse manter-me no passado De quando eu era feliz Anos se passaram nessa solitude Caminhando sem alguma direção aparente Fui parar numa estação de trens Que vem e vão Como um pêndulo me senti diante deles E sem querer embarquei num dos vagões Mesmo sem saber qu

Carta para os 33

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(Víctor Lemes) Chegar nos 27, por que para mim é tão importante? Tenho um cachorro chamado Kiba que é único no mundo. Ele é o único cachorro que conheço e que parece me ver de verdade. Tem horas que ele para o que está fazendo, e só me observa; e se eu chego mais próximo com meu rosto do dele, ele não me lambe, nem tenta me cheirar, nem nada; apenas fica com seu olhar fixo, sem piscar, para mim. Parece que sabe me decifrar, eu o amo. Mas não só por isso, na verdade, nem sei se precisaria de um porquê. Cheguei nos 27, que aguardei tanto, sem saber o porquê. Eu pensava que quanto mais velho eu ficasse, mais certezas eu teria sobre mim mesmo, e sobre a minha vida. Mas, o que tem acontecido é justamente o contrário, que ingenuidade a minha. Eu devia ouvir mais Renato Russo, e concordar com ele em tudo que ele canta, "só sei do que não gosto". Só isso mesmo. Do resto, eu ainda não sei nada. Não o quanto eu gostaria. Parto da premissa de que nenhuma vida é em vão, e de uma máxima