“Encumbered forever by desire and ambition
There's a hunger still unsatisfied
Our weary eyes still stray to the horizon

Though down this road we've been so many times”[1]


Águas de Março

(Víctor Lemes)

De frente a um lago, eu estou. Sinto perfume de morangos.
Engraçado como, de repente, tudo muda por quase três segundos, a intuição fala mais alto que a razão. E essa mesma intuição torna-se a minha religião. E a vontade, ou a inspiração em escrever voltou, de repente, também. Ah! Saudade de ontem, de tudo que já passou de bom...
Queria que você me ensinasse as coisas que eu não sei ainda, e que em troca você me permitisse ensinar-lhe as que eu sei. O mais famoso dos escritores pode ter escrito que há várias formas de amar, contudo prefiro acreditar em quem eu conheço, essa sorte na minha vida, essa mulher que me pôs nos melhores caminhos, me guiou e me guia sempre. Disse que o verdadeiro amor é doar-se. Essa é a única maneira de amar.
Engraçado pensar, também, que quando sabemos que alguém nos olha de um jeito diferente, um jeito sincero, um jeito confiável... Que gostam de nós mesmos... Aprendemos a nos gostar mais. Sorrimos mais, acordamos com mais vontade.
Acordo com mais vontade.
E vemos que não estamos sozinhos nesse mundo pequeno mais. Por mais que os verdes estejam desaparecendo, ainda devemos confiar. Nessa esperança.
Eu confio nessa verde esperança.
Quando estamos pertos, o céu é mais amplo, a grama é mais verde, o sabor é mais gostoso, a noite é de maravilhas, a porta sempre está aberta... Os rios seguem seu caminho, pois somos poças d’água. Uma precisa ligar-se a outra para que o rio percorra seu caminho, e atravesse as pedras, e leve as folhas secas embora.
Às vezes, é preciso que eu me cale diante das incertezas do coração. Mas só às vezes. Posso ser quem sou apenas, mas posso doar-me por inteiro e verá que não sou só um.
Posso deixar de existir... Mas sempre serei.
Seremos...
Seremos, todos.
Quanto mais doce e gelado, melhor. Foi bom ouvir sua voz. Foi mesmo.
Se já viajaram no tempo, por que ainda dizem que é impossível?
E por que sinto o perfume de morangos?
Tenho fome.


[1] Trecho de “High Hopes”, composição de D. Gilmour; Pink Floyd.



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