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Mostrando postagens de fevereiro, 2011
Cal endá r i o (Víctor Lemes) Sou um doido varrido pelas bruxas que voam Sob suas vassouras! E sobre os telhados durmo feito ninhos De passarinhos... Sim, sou um objeto inanimado Que se anima ao ver-te, amada! E meu calendário não tem dias nem meses, Cada folha das mil e uma folhas deste Representa uma única hora; E no lugar dos dias ficam os segundos, E a cada momento que passa Rabisco o segundo todo do papel! É um segundo a menos... A menos do nosso encontro, amada! Enquanto os carros passam depressa, Estou a caminhar devagar Feito tartaruga que um dia ganhou da lebre, Mesmo que esta tua ausência me traga febre... Mesmo assim, meu amor, Hoje sei que não há outra no mundo Nem noutro mundo qualquer, Que tenha esta tua essência que vem das estrelas! Não há, não há! E não há mais nada, por hoje, a declarar-te; Pois quanto mais me declaro a ti, Mais de Amor me encho. E nunca me encho de ti, meu amor... Nunca. Sou um doido que vaga pelas ruas Com uma gaveta no
Sweet Nothings I (Víctor Lemes) I could never imagine that someday you'd find me, my love. Why, yes. You have found me, each and every single second of my days. The totality of my existence revolves around your presence. That is it. Although, I was wondering, darling... When we're sleeping, our eyes remain shut, whether we're dreaming or not, am I correct? Well then, how come you are able to sleep and still stare at me every night? Yes, my love, I've seen the shining of your eyes upon my body each time you say "I shall go to bed now". Tell me, my love, tell me your little secret... Because I love when you do it to me... Those shining two eyes in the sky, looking over me. A tiny child in the street surprisingly turned to me and asked: "Sir, what are they? Those are what they call 'stars'?"; "No, - I replied -, those are the eyes whose love shines."
Soneto aos casais (Víctor Lemes) A poesia nunca foi tão linda, Nestes teus olhos de menina. Encontra-me outra melhor palavra! Uma que, por completo, a defina. Porque já não encontro os termos, Pesquisei não em mil, mas em três, Dos meus grandes dicionários; Não encontro tamanha sensatez... Coletivo de dinheiro: disparate; Coletivo de professor: corpo docente (Estão mais para corpo doente, não?). Raios! Tanta poética simplicidade! Qual será teu coletivo, doce de gente? (Tu és mais que todas as estrelas, Constelação.)
24 de Outubro (Víctor Lemes) Não vou mentir, não meu amor: Tenho saudades. Ah, mas que besteira tua, Tu dirás. Ora, o que mais posso eu sentir? Não a vejo há muito. Te observo com minha luneta mágica, Que só serve para alcançar-te o olhar Refletido nas tuas estrelas. Parti sem ter partido, E hoje o único partido a que pertenço É dos que tem o coração partido. Ah, a ironia e ambiguidade das palavras. Minh' alma ambígua, divide-se em duas Para amar-te aqui e acolá; Já que aí ela ainda não está. Ora, ora, ora! Passam-se as noites, doces noites, E já fazem vidas e mais vidas, Em sonhos sem começo nem meio, Que não sonho com ti. Oh, quanta falta de romance ao dizer-me isto, Tu dirás. Mas é a verdade. E se isto for de algum mal, Que um dos raios de Zeus parta-me o peito agora, Pois já não mereço mais viver; Não enquanto de longe eu te fizer sofrer. Fecho os olhos com ternura, Em questão de segundos, Faleço. Faleço de tanto sentimento que por ti carrego,
Vvv...  (Víctor Lemes) Vento: Vem voando, e Vem volúvel, e Vai vivendo. Vento vagante, Que me leva, Levando esta alma ambulante, Voa para longe. Vento: Você é o vento Que mais vanglorio, Pois tu és seu pensamento; Vento, não sumas. Não cesse. Não desapareça, Não me despedace.
Alma (Víctor Lemes) Dizem os bons espíritos Àqueles que neles acreditam Que nossas almas visitam Umas às outras, no momento Em que nós pensamos Naqueles que amamos. Dito isso, Minha alma já tirou férias de mim, Já não quer voltar para casa...
Bela jovem (Víctor Lemes) Por que continua perdida, Ó deusa natural da terra? És tão solitária, e tão bela, És tudo que há na Terra... És a beleza do céu límpido de noite, A sombra suave das copas das árvores; O sopro leve da brisa é teus beijos em minha face, Teus olhos bronze brilham o fugaz brilho De todas as estrelas. Ah!... Como eu te gosto, bela jovem... Como eu te trago todos os dias em meu bolso da camisa, Imagino-te como se fostes apenas minha, Neste meu egoísmo de te querer todo o dia. Ah!... Bela jovem, como eu te gosto... Tu que perdeste o sentido, o sono, a hora, a solidão; Tu que nasces comigo todas as manhãs, E morres comigo todas as noites; Tu que me atiras num poço de felicidade, E lá de cima, sorris um sorriso afetuoso, Como de quem é feliz por ver-me tão feliz Em ser jogado nas águas daquele sentimento cognato. Tu não estás sempre desolada, Nem sempre acordada, Nem sempre perdida, Nem sempre a exagerar... Não, quatro vezes não! Tu és toda
O amor é bom, não quer o mal. Não sente inveja ou se envaidece.  - Camões Quarenta minutos (Víctor Lemes) Não tenho nada a invejar, Porque a trago dentro de mim, E sei que isso vale bem mais Pois quem sempre a teve por perto Nunca ouviu os gritos do seu olhar... Ah, que beleza, quanta bravura, Só de poder trocar palavras, Nos esquecemos de amarguras. E vamos deitar felizes, A mil quilômetros distantes; Alimentando saudades...