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Mostrando postagens de outubro, 2009
Sem título 7 (Víctor Lemes) Eu já escrevi recados em papel quadriculado, já escrevi cartas de amor, já escrevi sobre o vento, sobre a lua e sobre o pó. Já li diversas vezes O Pequeno Príncipe, já cansei de tocar as paredes, já passei uma tarde construindo e destruindo montanhas. Já senti a maldade correr nas veias, já senti a vergonha de tê-la sentido em mim. Eu corri muito por aí, já tombei de joelhos na praça, já chorei da dor que nunca senti. Eu já escovei os dentes três vezes consecutivas, já deixei de tomar banho por um dia, já gritei no chuveiro. Já olhei no espelho e me vi, já chorei na frente do reflexo por não ver. Já aprontei muito por pouco, já desfiz amizades por impulsos ilógicos; já apaguei depoimentos de Orkut, já escondi minha face na terra como os avestruzes; já odiei uma pessoa, e já deixei de ser a criança que havia sido por anos. Já escrevi e mandei errado. Já deixei de escrever, e perdi a chance. Já escrevi e não recebi respostas.
10 (Víctor Lemes) Seeing that now is future And all I've seen were illusions, Staring at you like you're a mirror, I hope you draw your own conclusions. Clouds revolve around my feet; The moment I notice, I cannot breathe. It's hard to talk to you When your eyes are dry, and blue...
RE (Víctor Lemes) Hoje o sol lá fora é forte, O vento voa vagarosamente, As nuvens nadam nos céus, E você triste se (re)encontra. Enquanto as maritacas cantam, Os gatos dormem, Os periquitos berram, Os homens são surdos, eu choro. Pipas num céu sem vento, Sem papel, sem varetas, sem vontade As crianças que hoje são crianças Se perderão no túnel do tempo. E eu que tenho a visão romântica Das coisas, finjo não saber onde ir... Fico aqui, estático, a pensar sobre você Que, em você mesma, não confia. É uma pena, pois o que lhe disse Ontem não foi enganação, Tampouco é só o que sinto, Todos estão te olhando; pára e vê. Estou aprendendo a me amar, Só assim há d'eu amar alguém. Pois confie em si mesma desde já, Só assim há de em outro confiar.
O sorumbático (Víctor Lemes) Quando olho pr'os lados Não vejo o que anseio, Quero não tentar ouvir Os causos que lhe faz rir. Não entendo o que vejo, Ou não quero entender. Com os meus olhos, procuro O motivo de eu tanto querer. Para mim é difícil crer Que o fútil sempre vence, Nestes dias de vazio. O calor que me invade o corpo, Que tanto me aquece e cansa, É a mesma solidão que me parte.
Dedicado à Sandra, irmã de minha mãe. A brisa (Víctor Lemes) Sozinha, longe de nós ela fica Sem saber que horas dorme, Que horas come, que horas lê, Que horas chora, sem saber onde está. Essa pessoa que há muito me preocupa, Pois antes, sempre astuta e alegre; Hoje então, um tanto ausente e inerte. É aquela que soube sempre ser amiga. Mesmo que com dores passe a vida, Com amores que não cheguei a conhecer Machucaram-na, os nós e as linhas... Sem mesmo me vires em pessoa, Já ecoa dentro dos meus jovens tímpanos, As vozes sem voz que só as palavras têm, Me dizendo que sou bonito, que sou poeta, Que escrevo bem, e que sempre me lê. E eu, aqui mais fraco, por não ter o que dizer-te, Sem saber o que dizer-te, sem nem ao menos, Irmã do Vento, posso abraçar-te. Eu, que só sei trazer-te palavras em versos... Trago-lhe meus humildes e sinceros abraços, Traduzidos nestes montes de versos, Que só sabem dizer-lhe que te ama Nestes dias, que sozinha, se engana.
4 dias pra te ver (Víctor Lemes) Como é bom estar assim, Rodeado daqueles amigos Que estiveram e estarão Sempre entre os dedos. E foi naquela mesa, Bem ali em minha frente, Que se encontrava meu coração Que sentada sorria, e brincava. Uma noite breve e já saudosa, Onde todos se olhavam A cada segundo, a cada passo; Onde esperávamos que nunca acabasse. Enquanto sorria, e ria Das caras e bocas, dos copos e pingas Da dama de vermelho que só bebia, Do seu lado é que eu queria ter sentado. Mas o chefe lá de cima Sempre atrapalha meus planos, Com a ajuda de sua pior comparsa: A timidez. Mas, como eu posso negar, Que de todos ali presentes, Você foi a que mais olhei... A mais linda, Entre as pessoas lindas, Daqueles dias de risadas, E de memórias eternas.
Sentados aqui, construindo uma memória juntos, foi isso que escrevi naquele outro poema. Acontece que me peguei pensando nestes dias que estão por vir, estes dias que me deixam tristes já por medo... de não lhes mais ver. Querendo ou não, todos que conhecemos de uma forma ou de outra, pelas ruas vagaram, e sem endereço nos deixaram na mão. De contrapartida, eu sinceramente espero que você, e que os outros não façam isso comigo. Ou conosco, que seja. Pois nesses já quase passados três anos, pastei, vivi, chorei e ri. E digo mais: aprendi não só com os mestres e os doutores, mas também com você Camila, com você Ester, com você Juliana, e com muitos outros que, aqui preencheriam as poucas, no mínimo, sessenta linhas. Aprendi como viver a vida dos outros na minha. Como fazer alguém rir diante das aparentes tristezas. Aprendi como dar uma aula, e se apaixonar pelo simples fato de poder lecionar algum conteúdo a um pobre olhar. Chego agora nestes últimos meses, e percebo, tarde, que temos mu
O xadrez (Víctor Lemes) Vê se dessa vez Você que sempre distante esteve, Largue a minha já suada mão. Cansei de jogar xadrez Sendo apenas mais uma peça, Chega de ganhar meu coração. A vida me chama, E eu estou aqui parado Só esperando que vá embora, Sedução. Deitado em minha cama, Vejo a mariposa que bate no teto E só espero que volte, Solidão.
As luzes (Víctor Lemes) Sabe, agora que mudei de quarto, Todas às vezes que cansado fico, Abro as portas-balcão da varanda E me deparo com aqueles dois brilhantes olhos. Agradeço-as por estarem ali, Sempre, todas as noites, Silenciosas, aguardam o momento. Me aguardam criar asas.
O fundo (Víctor Lemes) Sentados nessa mesa, todos estamos. Sem saber se, de fato, nos encontraremos. Estamos todos aqui reunidos, Construindo esta memória juntos. Em um pequeno prazo de meses, Veremos-nos pouco, ou não nos veremos. Pois existe aquela bendita linha, Que se encontra entre o longe e o perto. Uma linha fina, quase imperceptível. Feita de dor e amor e remorso. Uns chamam-na de infelicidade, Mas prefiro o termo: Saudade. Ouvi dizer que a saudade Era aquela memória triste. Recordar um fato que nos faça chorar, Eis a saudade, pr’aqueles homens. Mas e se não for assim sua definição? Pois pra mim, a saudade é com maiúscula. É a palavra que resumo todos desta mesa, É o “ser” que me fez rir às noites de frio. No começo, não tinha nenhuma intenção Em conviver, ou em aprender. Ao final, levei todos os tapas na face. Aprendi o preço do amor; aprendi a lição. Quantos foram os dias que rimos, Que enraivecidos ficamos... Quantas foram as fichas de e
Sem título 5 (Víctor Lemes) Existem esses amigos que a gente acha que nunca vamos encontrar. Amigos esses que, às vezes sentimos falta, às vezes queremos matar. Eu achava que nunca voltaria a tê-los. Naqueles dias em que meus dias eram apenas sonhos. E, por muito procurar, não achei algum. Quando finalmente me encontraram, agradeci. Tinha cansado de procurar nos lugares errados. Tenho que agradecer ao Vento, por ter me convencido e persuadido, que a melhor coisa a fazer naquele momento Era ingressar na faculdade, e deixar com que meu corpo Fosse levado pela correnteza forte, naquele rio novo, rio vivo.