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Mostrando postagens de fevereiro, 2016

Soneto à metade

(Víctor Lemes) Naquele olhar castanho Ela se guarda E eu aqui de fora Anseio dela só um abraço. Ela chega, e sorri Se encosta no batente Da porta da amizade Mas na porta não bate. E eu fico ali Esperando a minha vez, De beijá-la a face. E eu fico assim A escrever sonetos a quem Só pediu metade de mim.

Trocados

(Víctor Lemes) Palavras, Sensações Coisas que nunca  Dei atenção E não tomei as devidas Precauções, Hoje a Vida as toma de volta O que um dia me emprestara. Pagam-me de volta Usando a mesma moeda Que um dia eu gastei, E não querem que eu lhes devolva O troco, O troco pode ficar. Mereço o troco, E o pagamento pelo que fiz (Ou pelo que não fiz, Seria o mais humilde E mais sincero fato) Aos outros,  E a mim mesmo. Vou juntando as moedas E guardando-as no meu Novo porquinho, Porque um dia,  Esse, eu vou quebrar. 

E se...?

(Víctor Lemes) Creio eu, termos tido Um tempo Para chamarmos de Nosso Mas esse amigo Se despediu de nós No trem da vida Que embarcamos, Embora fomos, Eu num vagão Você, noutro. Embora tenhamos sido Unidos pelo tempo Estamos a todo o tempo Desafiando-o E ao mesmo tempo, Pirados no tempo Estamos. E se quando sairmos daqui Descobriremos Que nossa missão fora Redescobrir Que o Tempo Como eu sempre suspeitei Nunca existiu, E que o usamos como Álibi Ou desculpa Para que Gabriel Nos unisse novamente?

Não foi só, o Tempo

(Víctor Lemes) Eu que te quis E meu erro Foi bem ali, E não errei De primeira vez; Essa foi a terceira, E dizem que depois Dessa, repetir o erro É tolice... Então, Amor Aprendi.

Dar um tempo

(Víctor Lemes) Como que pagando uma promessa Meus dedos e meus ouvidos E todo o meu coração Por uma Maria aqui estão. Ser poeta por uma poesia bonita, Quando inspirada por uma amiga Há de sair um presente, Como ela assim é Para toda essa gente que Agora me lê. Escrevo para uma Maria Que não gosta da Maria Que possui... Estamos conectados nesta vida Por algum motivo, maior Do que possamos imaginar, Maior daquilo que os outros Costumam chamar de coincidência. Então, Maria, dê um tempo Para que o tempo lhe dê O mesmo presente que nos deu Quando a ele, também, Pedimos um tempo. O tempo nos deu um presente Que reclama, que chora, Que ri, que declama, que canta, Que dança, que bebe à irlandesa, Que pensa, que sente... Mas que raramente fala. Embora seja raramente, Eu consigo ouvi-la. Mesmo se seu rosto se mantivesse Em linha reta, preocupada Em descobrir novas rotatórias, Eu consigo ouvi-la. Por que consigo? Porque a amo. (E não só eu, aposto

Outro Vinícius

(Víctor Lemes) No meio de um livro, Esquecido à beira da cama, Um Vinícius, um dia, Pôs-se a escrever uma carta De Amor... Uma outra À Clarice, de seus sonhos; Ele sabia que escrevia Por escrever, e na certeza De que ela nunca a leria, Dobrou as folhas e Marcou uma página de Um livro emprestado. Após tê-la escrito, Vinícius A trancou nas páginas Daquela ficção, e não mais Se lembrou da carta... até O presente momento. Agora, Vinícius tem a certeza De que Clarice é outra Clarice, Pois ele é outro Vinícius. Reencontra sua carta, Abre-a, e recita-a À Clarice, seu Universo (Apenas assim, esta a ouve): "Antes de começar, Clarice, Devo lhe dizer que Para tudo aquilo que me dirijo A você, ponho-me antes em Teu lugar e reflito um tanto... Vê, não é difícil fazer isso Contigo, pois vejo-me em você Por muitas vezes. Em outras, Sinto-me um chato, de fato. Teimo em aparecer quando Nunca sou convidado; E às vezes, sinto que estou Atrapalhando tua vida

Osho (3)

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"Lembre-se sempre: toda vez que você chega a um pico elevado, um vale fundo estará sendo criado. Se você quiser alcançar os céus, suas raízes terão de ir até o inferno. Por ter medo da dor, você não pode se tornar consciente - e então você não pode aprender nada." - Osho, ("Maturidade: A Responsabilidade de Ser Você Mesmo", ed. Cultrix. Página 31.)

Sua pergunta

(Víctor Lemes) Vinícius nunca se sentira Tão desperto, desde o dia Em que se encontrara Com aquela de cabelos bronze: Sua primeira; Clarice. Vinícius possui um único Defeito: se entrega a quem ama Demais e por completo; Esta inocência somada à sua Ingenuidade o levou a ser chamado De louco, sincero demais, vulnerável. Vinícius não sabe guardar Seus sentimentos, tem muitos! Eles transbordam pelos olhos Quando retidos por muito tempo... Vinícius ama sua Clarice. E assim, ele a assusta... E então, chega a mim sua prece, Sua pergunta mais retórica.

Outra Clarice

(Víctor Lemes) Enquanto estive fora Te procurei em outros olhos, Clarice... Minha gana De poder cultivar seus sorrisos, Cuja chance não tive... Procurei um outro amor Com seus cabelos e olhares, Com seu rosto e seus cacoetes Mas, em nenhum outro mundo Senão este, encontrei-te... ou Outra Clarice... Então, busquei em Marta Todo o seu oposto; enamorei-me Com o que você nunca fora. Não consegui aprender a gostar De outra, senão a Clarice A quem, ao pé do ouvido De meu criador, estou agora A rogar esta prece: "Voltei; e por que agora Ela é quem vai embora?"