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Mostrando postagens de outubro, 2010

Ares

(Víctor Lemes) O que manteve, O que era baixo, O que trazia a vitória. O tronco, O galho, A folha. A rajada, A força, A brisa. O orgulho, O preconceito, O egoísmo. O bruxo, O gatuno, O espadachim. O Libra, O Aquário, O Gêmeos. A espada, A arma, A mente. Os garotos do ar. Os caminhos diversos, As direções inesperadas Desses três tolos ventos.

Os homens-semente

(Víctor Lemes) Preciso plantar a semente da mudança. Pra mudar o mundo. Entenda mudança como mudança extrema. Ferirá o ego de todos. Mas antes, é preciso provar aos homens que amar pode dar certo. Preciso de gente que tenha os mesmos ideais. Preciso de aliados da paz. Sejamos muitos em pouco número. Fiquemos entusiasmados conosco mesmos. Façamos um elo entre todos nós, um elo de deuses. Vivamos este sonho juntos. Deixemos que os fios do Tempo se costurem sozinhos. Deixemos que a Fonte de Luz Eterna cuide do resto. E quando deste solo formos todos arrebatados, Sigamos sem olhar pra trás. Os jovens serão aqueles que regarão nossas sementes.

Avião

(Víctor Lemes) Um menino caiu de pára-quedas no quintal de casa. Convidei-o a entrar, mas recusou-se. Disse que estava a esperar seu acompanhante, "Não deve demorar, saltamos do mesmo avião." Passaram-se alguns minutos, E nada de alguém cair do céu. Olhei pr'o menino e disse: "É melhor entrarmos, já está tarde." Ele sorriu e retrucou: "No seu caso, será o inverso: Embarcará num avião, E pousará em seu coração." Sorri. Pisquei. O céu olhei. Já não estava mais ali, O menino dos cabelos Azuis.

Dias de chuva forte

(Víctor Lemes) Me sinto obrigado a escrevê-la hoje, Pois só o hoje há. Não devo deixá-la a esperar por um futuro Que um segundo atrás já é passado. Tenho aprendido muito sobre o amor Nestes últimos meses, Tenho me sentido mais completo, Mais sincero, mais aparente. Quando a conheci assim ao longe Algo me despertara aqui dentro, Algo que em mim ninguém mais tocara. Algo me palpita no centro do peito quando a vejo. Não é paixão fogosa, ardente; Não é a ilusão de algo ausente; Não é o consolo de um coração vazio; E, de certo, não é atração de momento. As palavras correm tão verdadeiras neste poema, Como o sangue que corre feliz em meu corpo. Acho que aprendi o que é sentir esse amor Que tantos pregam, mas não o conhecem. Não sinto-me ansioso em vê-la, pois já a vi antes, Em algum lugar de outros planetas. Eu a amo hoje, como a amarei ontem, E amei amanhã. Não preciso beijá-la pra querê-la bem, Não preciso abraça-la pra querê-la feliz. Não preciso andar de
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E ela deitou ao meu lado... (Víctor Lemes) A Sissi não aguentou a uma cirurgia e morreu esta tarde. E meu corpo não reage. Meu coração nada percebe. Não sinto a tristeza que em minha mãe a invade. Nada me entristece. Minha dor não se faz realidade. Minhas lágrimas tentam fugir, minhas pálpebras umedecem-se, e ainda assim, não choro. O que há de errado comigo? Será meu coração feito mesmo de pedra? Me ensinem a chorar, Me ensinem a sentir-me coberto de dor, Eu lhes peço, por favor, Seres daí de cima. Me mostrem quem na verdade sou, Que esse meu pulmão já não aguenta mais tanto ar... Ensinem-me a me amar; ensinem-me a chorar. "No dia que eu me for, você vai despertar, Meu amor... tenho certeza disso."

Pouquíssimos

(Víctor Lemes) Meus verdadeiros amigos serão os que, onde estiverem, souberem abrir esta minha jaula. Eternamente amados são esses. Eternamente amados aqueles Que sabem traduzir minha poesia, Sem precisarem saber os porquês Dos meus pontos-finais, e das minhas vírgulas.

Ah, Pai!

(Víctor Lemes) Renato Russo tinha 23 anos Quando lançou seu primeiro álbum de sucesso nacional. Ayrton Senna tinha 24 anos Quando ingressou na categoria de mais prestígio mundial. Eu tenho 21 anos, E me pergunto se conseguirei ser tão especial Quanto qualquer outro ídolo meu. Ah, Pai! Eu sei que fazes tudo se acertar com o tempo, Mas tem esses dias de frustração, e De mágoas aqui dentro... Por que carrego tanta insegurança e tanto medo, Quando sou filho de um anjo, filho do vento?

Ah, teu sorriso!

(Víctor Lemes) Ah, teu sorriso! A cada sorriso teu, meu amor, Me chacoalhas com teus terremotos de emoção, Me tiras o sono, me deixas em inerte confusão. Não sei como fazes, mas fazes muito bem. Sinto-me como se houvesse embarcado num trem. O teu sorriso, meu amor... O teu sorriso! Faz meu mundo desabar-se dentro dele mesmo. Posso ver-te refletida na brancura de teus dentes, E não estou a exagerar os sentimentos, Quando sorri deixo de ser gente. Tu que já tens os céus nos olhos, Tu que já tens folhas como cabelos, Tu que ofereces o fruto a olhar-me por dentro, Tu que acabas com meus medos Antes mesmo de eu tê-los criado. Tu, que apenas sendo ti mesma, Tens mais valor que uma condessa. Tu, meu amor! Tu e teu sorriso já me bastam... E sei que não valho tanto, para ti, assim, Mas por favor, apenas te peço Que acredite em mim.

Gritos silenciosos

(Víctor Lemes e Carol Leopardo )  Em um labirinto de palavras não encontro a saída. Estou completamente perdida em meio a tanto silêncio... Em meio a tanto silêncio, lanço minha voz ao eco, tateando as paredes procuro me perder em ti mesma. Continuei um pouco menos perdida, talvez um novo caminho, uma nova perda ou mesmo uma viagem que minha mente se colocou a fazer, enquanto você gritava de longe, ecoando cada palavra dentro de mim... Em suaves batidas. A cada passo meu, trêmulo tal qual o mato alto que recebe beijos soprados do vento, encontro-te parada. Sentada. Está a pensar em quê a olhar o escuro teto? Tão longe, quanto podes imaginar e tão longe estou de me encontrar. Tentando quebrar esse silêncio acabei me calando e me deixei levar pelos teus gritos. Suaves gritos. Se meus gritos te fizeram perder-te mais e mais, queira Deus que eu fosse mudo então... Gritaria em teu pensamento, e alcançaria assim teu longínquo coração...
Se o outro não tem e consegue viver bem,  por que você também não vive sem? (Víctor Lemes)

Folhas ao vento

(Víctor Lemes) Um dia o elo entre eu e os galhos se afrouxa, Desprendo-me de suas veias de luzes, E numa rajada de vento forte Embarco nessa minha longa aventura. Com essa sorte, também conhecida como vento, Me encontro com outras folhas secas Nas correntes de ar... Talvez até conheça algumas pétalas... De longe vejo a árvore de que brotei, Abraçado ao vento, vou pousando no chão. De perto sinto o perfume das pétalas que amei, Me despeço da sorte, e guardo-a no coração.

Grafia

(Víctor Lemes) Meu mundo é feito de pedras e palavras. Algumas rosadas, Outras brancas demais. Os habitantes do meu mundo São todas vírgulas, Pois assim são muitas, e são livres. As casas delas são grandes e belíssimas, Tem várias janelas e portas. Podem ver o mundo lá fora, e a ele se abrem. Os animais selvagens da minha terra São como as aspas, Não dependem das linhas pra viverem. Os outros, aqueles domésticos, São como acentos circunflexos, Dependem de nós pra viverem. As nuvens de chuva do meu planeta Choram de três em três lágrimas Como minhas reticências. E, finalmente, o amor na minha terra É como o ponto-e-vírgula, Separa os pontos-finais, une as vírgulas.

A resposta

Se um dia chegar a ler estes versos, tome-os como um presente meu, neste dia nunca esquecido. (Víctor Lemes) Chego em casa cansado, Mas com um sorriso estampado. O vejo descansando a cabeça sobre o braço, Naquelas mesas de plástico. Ofereço um abraço, Mas nem me vê direito. Está a esconder as lágrimas no rosto. Com dois dedos cutuco um só ombro, A fim de fazer-lhe levantar num susto. Mas a dor que vem lá de dentro É profunda, gera medo. Puxo outra cadeira, sento-me perto, Sussurro algo, A resposta aguardo. Sem sucesso. Ele não está lá mais. Não é como era antigamente, Um olhar forte, Um semblante de paz. Era feliz, era da família, Em casa almoçava, jantava, e dormia. Quantas noites de papo pro ar ficamos, Cada um em seu colchão no chão, A olhar pro teto, relembrando momentos. Naqueles dias de jogos, de filmes, de cantoria, Havia descoberto Que, embora fosse filho único, Havia encontrado, em outro, Um alguém para ser irmão. Hoje, aqui na mesa, estou assim Frustrado... Não sei o que

Suplemento

(Víctor Lemes) Eu não quero mais sonhar. Sonhar devia me tirar da realidade. Pelo contrário, me faz sentir mais vontade De, novamente, me machucar.

Agradecimento

(Víctor Lemes) Ao redor de mim mesmo há um mar de letras, Muitas delas são miragem Já que construí meu barco de mentiras, E continuo fingindo saber remar bem. Talvez o amor verdadeiro tenha me assustado, Visto que de ilusões vive um homem. Talvez das águas eu tenha medo. Amo minha mãe como amo o vento nos cabelos, E se hoje digo isto É por que antes não tive coragem. Agradeço, Pai, sem saber se agradeço-Te. Deixa-me sentar em Teu colo, Traz esperança a este tolo, E não me deixais na secura da saudade.