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Mostrando postagens de fevereiro, 2014

Tesouros

(Víctor Lemes) Lá fora, há um bando de gente festejando, Com o som dos carros ligado, Bebendo e rindo, fingindo que a vida é bela E maravilhosa, enquanto o andarilho dorme em sua rua. Perdi a graça em dias 31 de Dezembro. Me diga, o que há de tão importante, O que há de tão interessante Pra se comemorar nesse mundo grotesco? Ora, o que eu tenho que agradecer Ao Absoluto, são tantas coisas, e pessoas, Que em um dia apenas não bastaria. É preciso agradecer todo dia. Sabe, no meu caso, eu agradeço à Luz Que me imaginou e me trouxe à existência. Depois a sequência continua com minha amada Mãe, que não é apenas mãe mas também anjo. Depois a lista segue, com inúmeros nomes, Uns recentes, outros velhos. Uns apelidos, outros anônimos. Guardados em gavetas, guardados em pochetes. Veja bem, este agradecimento feito agora, Em apenas instantes, não resume tudo que sinto Sobre cada um desses presentes da maior Estrela Que existe no céu do meu peito. Um sorriso e

Henrique

(Víctor Lemes) "O que fazer da vida, Ou dos passos dados Para qualquer lado, Quando sua bússola Não aponta-lhe mais O lado do Norte ou Do Sul?" "Na verdade, a direção Nunca fez alguma diferença, Mesmo que a tendência Fosse achar o lugar certo, Este mesmo lugar não É e nunca foi fixo: É autônomo." "O que é o viver senão O sonhar. E como fazer Para acordar de um pesadelo Que um dia começara a sonhar?" "O que fazer quando se Descobre que nunca sonhara, Que nesta vida foste sonhado Por outro alguém? O que fazer com a decepção De não ser capaz de sonhar Você mesmo, e ser visto Sempre como personagem Coadjuvante nos que tem Vasta imaginação?" "Quando iremos despertar De verdade, se não é que a Suposta realidade seja Nada mais que outra mente Maior de um grande Sonhador?" "Em quais dos sonhos Serei eu protagonista?" "Se todos sonham a vida Que lhes é cabida, Então é fato poder a

Amor e Liberdade, sinônimos perfeitos

(Víctor Lemes) Um dia de chuva forte, Daqueles que o céu se enche de nuvens negras, E pode-se ver o clarão dos raios ao longe, E de repente se ouve o trovão. Foi num dia assim, que enfim, Dos céus desceram feito relâmpagos, Aqueles que nos guiaram até ali, Estenderam suas mãos a nós, os anjos e querubins. E de suas nuvens brotaram brancas luzes, O vento me ajudara a embarcar Naquele algodão-doce gigante. Nos disseram que o dia havia chegado, Que nosso novo lar já estava preparado Para nos receber; erro meu, preocupei-me... * O mais alto deles, com olhar sereno E cheios de ternura, me sorriu um sorriso Bondoso, daqueles que traduzem mil palavras Em apenas um segundo. Me leve até lá, por favor - disse, sem dizer. Não parava de fitar-me os olhos, Respondeu-me, sem pronunciar palavras, Já chegamos; mais nada a fazer nós podemos... Estava no quintal de casa, A ler um livro, talvez de Saramago, Da nuvem saltei ao solo, como num pouso livre. Estendi min

Banquete

" O que ama é, de certa maneira, mais divino que o objeto amado, pois possui em si divindade; é possuído por um deus . (...) Concluo, pois, que, de todos os deuses, o Amor é o mais antigo, o mais augusto de todos, o mais capaz de tornar o homem virtuso e feliz durante a vida e após a morte."   - Fedro

Apologia de Sócrates

"Porque morrer é uma ou outra destas duas coisas: ou o morto não tem absolutamente nenhuma existência, nenhuma consciência do que quer que seja, ou, como se costuma dizer, a morte é precisamente uma mudança de existência e, para a alma, uma migração deste lugar para um outro. Se, de fato, não há sensação alguma, mas é como um sono, a morte seria um maravilhoso presente. Creio que, se alguém escolhesse a noite na qual tivesse dormido sem ter nenhum sonho, e comparasse essa noite às outras noites e dias de sua vida e tivesse de dizer quantos dias e noites na sua vida havia vivido melhor, e mais docemente que naquela noite, creio que não somente qualquer indivíduo, mas até um grande rei acharia fácil escolher a esse respeito, lamentando todos os outros dias e noites. Assim, se a morte é isso, eu por mim a considero um presente, porquanto, desse modo, todo o tempo se resume em uma única noite. " - Sócrates