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Mostrando postagens de janeiro, 2010
Nocturne (Víctor Lemes) E aqui dentro ou lá fora, Guardo em mim o sonho Que se apaga, a cada dia, Cada hora, de dois ser um só. E passam as noites com pressa, Caminham com passos largos Pelas ruas das estrelas, Que talvez só brilham por seu canto.  E dessa maneira, estas estrelas Se apagam a cada piscar seu, Já que tens o presente de ter As noites em cada olhar. E tudo de novo, o novo se repete. Sem me dizer pra onde eu devo seguir, Sem rumo e sem pudor, me joga Nas ruas dos olhares e me deixa Na saudade de quem sou.
Carga (Víctor Lemes) Só quem sabe o que É carregar uma tristeza seca, Já sentiu o estourar das veias Diante das decepções do coração. Carrego sempre dois copos de vidro Em uma única mão, sabendo que Ambos são sensíveis, e se despedaçarão Se tocarem o chão... E a sinceridade que habita Em mim, sabe que não pode Ser sincera até o fim. Já que aos ouvidos jamais chegam O toque e a voz dos corações, As verdadeiras palavras e paixões.
Rejunte (Víctor Lemes) Por todos os caminhos e ruas Que vago, sempre com ambas As mãos nos bolsos da calça jeans, Levanto os olhos e só vejo pontes. Nos perguntávamos por que o céu Era azul. Hoje, me indago o porquê De ser todo branco em dias de sol, E plúmbeo em dias de tempestade. Embaixo daquela árvore uma Maçã lhe caíra em frente: filosofia Da gravidade fez-se. Subindo o caracol da escada, No chão, na base: de cimento, Marcara o que nunca soube. Aqui em cima, vejo tudo a frente. Vejo os aviões passearem à noite, As luzes vermelhas dos postes E as azuis de Verdade. Não enxergo a terra que Sujara o piso do quintal, Mas sinto aquela vontade De poder apagar seu rejunte.
Pétalas (Víctor Lemes) E até lá, só o que há de vir, virá. Há de chegar o dia, há de vir o que virá. E, no mais, nada menos nos faltará. Voltará, voltara e voltei a ver o que  será. Na mentira e na verdade, entre nossos dedos Que juntos façamos um entrelace de dores E amores, de ódios e de paixão. Já que todos os nós se desfazem e, depois, Podemos, enfim, olharmo-nos o coração... Vê-lo chorar e esquentar a casa das veias, Acredito no que penso, mas chega de solidão. Existem estes dias de garoa fina e pesada, Onde podemos nos molhar e sentir que alguém, De fato, aqui em cima ou lá em baixo, nos vigia E nos ama.
Sem título 9 (Víctor Lemes) O não lhe dirigir palavra por medo de receber de teus lábios o 'não', Faz-me ter de novo inspiração para transcrever meus pensamentos em não lhe 'ter'. E quanto mais eu afogo estes sentimentos na tristeza vazia do coração, Mais tenho vontade de escrevê-la o que sinto, sem saber se lerá, ou se escrevo em vão. Já lhe disse uma vez, não hei de repetir o súplico desejo de amor, Faz tempo desde que aquela semente foi plantada, pois hoje sinto já Os brotos que teimam em sair, no solo fértil do meu corpo, Da minha vontade em ver-te com os mesmos olhos, mas diferente. Ao mesmo tempo que lhe desejo, não me vejo Como alguém que mereça tanto, ou então Que não compense o possível resultado do entrelace, Por não poder comprar aquele colar, que no sonho, lhe dei. Eu só quero ser alguém Que não tenha que correr atrás daquilo que falta, Quero ter valor o bastante Pra ser perseguido por aqueles que faltam.
Um coração que bate devagar (Víctor Lemes) Num barco qualquer preso no mar, Velejar sem rumo, sem rota... Passear pelas águas de lágrima, Entre salgado e doce é o gosto d'água. E por querer ouço novamente aquelas músicas, Que muito você me lembram, Noites e tardes, passamos... E nada me faz a cabeça. Vagando e velejando, por estes oceanos Que muito fora guardado no profundo Vale, que lá existe, Tamanha baleia que nunca há de ser vista. Escrever coisas sem sentido assim, É a distância que corrói as veias, Que em poeira transforma o sangue, E deixam de pulsar, por não lhe ver.