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Mostrando postagens de dezembro, 2009
Meus sapatos (Víctor Lemes) A saudade vira lágrima, que por sua vez, Corre em meu rosto já feliz. Feliz por ter lhe amado, E, ao final, ter finalmente chorado. As memórias ainda vivem em mim, Mesmo que muitas ainda se façam de dificeis, Algumas, encontrei as chaves dos cadeados, Outras, trancadas estão na parede do meu quarto. Calço meus sapatos, e desço a rua. Rumo à avenida, cheia de lojas... Às vezes podemos comprar balas, Escadas, flores, discos, amores...
I (Víctor Lemes) Passo todos os dias em frente àquele quarto branco, vazio. Faz calor aqui em cima, mas lá é fresco, mesmo com as janelas sempre fechadas pra rua. Nossa casa é grande, pois, sós, moramos. E tínhamos grandes árvores no jardim, que nos protegiam das vozes dos vizinhos chatos. Mas veio a chuva e decidiu apagá-las da vista da janela da cozinha. Os pássaros que viviam nelas, ainda beiram o muro, e fazem companhia aos pequenos lagartos. Os cães que vivem aqui são tranquilos, porém arteiros, se é que tal contraste é possível em nossa gramática maluca. Eu, sempre tive pelúcias de animais, porém, só fui poder ver os reais crescerem quando mudamos para uma casa. Antes, acolá, ventava muito e as janelas costumavam falar à noite. E o piso era carpete, me escondi algumas vezes debaixo da cama, e pude senti-lo como pequenas bolinhas de pêlos. Quem sabe sentiria minha falta, e procuraria minha presença. E aqui ainda faz calor. Já sentei muito em frente àquele rádio, pra ouvir t
Voz (Víctor Lemes) Não adiantaria eu falar, nem escrever, nem balbuciar qualquer coisa Que não fosse a verdade, que de mim saísse, que vigorasse. Não haveria calor, senão fosse o frio que guardo aqui dentro. Saber quanto eu perdi, quanto eu conquistei, quais os minutos E anos escolhi errado, ou nem escolhi, sem vê-la ao meu lado. Não sei falar tudo isto que aqui escrevo, me vejo sempre Perturbado, minha voz não sai igual àquela que está gravada Nos vídeos, que fizemos juntos, que fiz sozinho; minha boca Seca sem ter mais saliva pra derramar nos dentes o gosto do Soro, que já disseram: tem gosto de lágrimas. Não posso Mais ouvir nada, não sinto mais o que queria, perdi a batalha, Havia tropeçado nas pedras a caminho do jardim de coloridas Flores, rosas brancas e amarelas, camélias... Meus defeitos você já me avisara, tanto quanto minhas qualidades. Pois, não, você não faz parte da minha tristeza, tampouco você Dá algum trabalho a mais, não me pesa, nem me atrapalha. Me
50 (Víctor Lemes) Você foi embora sem querer ir, E eu aqui fico estirado ao chão Esperando que um dia volte pra mim, Sem que tenha que passar o verão. Diz-se que o sangue é o símbolo da alegria E que o nariz indica a direção da vida, Pois então este sangrara recentemente, Estava a perdê-la, que reinava à noite. Eis o fim de um ciclo de ciclos Que sempre nos cercam e nossos filhos. Espero ansioso, agora, sua chegada Amiga Vênus e teus cinquenta anos.
O trovão (Víctor Lemes) Por trás desse sorriso, dessa alegria, Mora em mim o ódio e a agonia. E as lágrimas só saem quando percebo O quão longe do sétimo céu me encontro. Levam tanto tempo pra calcular o vento, E se esquecem que pra ele não há desejo. E se levantam feito pipas ao ar, As árvores que do solo vivem pra nos amar. Vivo sem pai, sem irmão, vive sem marido, E ainda me dizem que me pareço com o Cristo.