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Mostrando postagens de setembro, 2011
Sem título 31 (Víctor Lemes) Eu, como geminiano nato, Acredito que tenha nascido falho; Ou seria então os signos aéreos Cujos olhos servem apenas Para procurar novos outros olhos Para então saciar-nos o coração. E ali, no âmago da vida, Vou me destruindo aos poucos; No externo sou por todo alegre, Enquanto internamente, Atraio todos os encostos Ao preferir saciar-me o físico. Sou capaz de ver todo o resultado Do meu pouco esforço, E assim, carimbo abaixo: Decepção.
Frágil (Víctor Lemes) Houve um dia em que eu me abandonei em seu coração. E me afastei de mim para buscar-te, Amor. E, naquele dia, eu pensei comigo mesmo: Este deve ser o caminho certo. E tropecei tantas vezes, E quase desisti de tentar tantas outras. Mas você era toda a minha meta, E todas as minhas setas apontavam pra sua direção. Me perdi em meio a tanta vaidade, e tanto orgulho. Meu ego vivia nas alturas ao pronunciar-te duas palavras, E quando podia perceber seu sorriso d'outro lado da tela reluzente de pixels coloridos. Derramei muitas lágrimas debaixo de edredons, Virei muitas páginas de rascunho. Selei muitos envelopes, Projetei em você tudo que ainda não chegou a ser... ainda não. E errei mais outra vez, e dessa vez pior, Pois conscientemente esperei de você o que nem você sabia o que era. Criei uma mínima expectativa, ínfima e poderosa, Pensei que pudesse querer ser melhor que você mesma. Os jovens tendem a olhar muito para os lados, É assim me
Clichê (Víctor Lemes) Em um acampamento, num canto da sala, os dois haviam se reencontrado depois de algum tempo. Ele, então saudoso, pôs-se a falar primeiro: - Oi. - Oi – ela, com um sorriso tímido, respondeu. - Estão bem? - Sim, gosto muito dele. - Como ele é? - Ah! Ele é engraçado, carinhoso... adoro ele. “- Como se sente quando longe dele está? Você se remói por dentro, ao esperá-lo voltar? Aguarda ansiosamente os dois primeiros dias da ausência? Quem sabe até abra até seu caderno, e releia seus recadinhos de amor? Pergunto-me como fica sozinha, como fica seu coração, enquanto ele está ao longe, flutuando em algum lugar. Sua alma sai do seu corpo e vai com ele, ou resolve ficar deitada em sua cama, abraçada ao seu travesseiro, só pra poder sentir o cheiro do shampoo de Babosa que ele usa? Existe algo no seu peito que a faz querer que os dias passem logo enquanto ele não está, porém, assim que ele voltar, você olha pr’o Tempo e implora: - Pára, Tempo! Fica! Não vá embora
Levo-te (Víctor Lemes) Rezo: Eis meu método de jogar as palavras ao vento, E se deixar levar... Não sei para onde elas vão, Mas, de certo, chegam algum lugar. Chego na beirada do precipício, Esgueirando-me  posso lançar meu olhar abaixo: Estou quase lá, penso. Não é preciso muita coragem para fazer o que é preciso ser feito, E mesmo contra todas as hipóteses e esperanças, Fecho meus olhos e choro diante tamanho absurdo. Ao contrário dos que pensam demais, e nada fazem, Não corri, nem tomei distância: Dei mais um passo à frente, apenas. E caí. Caí daquela montanha, daquele problema, E os que me viram despencar, lá em baixo disseram: "Olhe só! Talvez seja o Pedro!" Senti o solo afagar-me os ossos, E naquele instante eterno de um segundo, Me vi em pedaços no fundo de um poço. Finalmente havia chegado, O fundo foste meu único legado. Num domingo, como esperado, Neste quatro de setembro Cá estou só, Montando meu próprio quebra-cabeça, Juntando os ped
Alcança-me (Víctor Lemes) Descobrir-se é tua meta agora, Fecha teus olhos e acorda! Veja o mundo à sua volta, Vem pra perto e me ama! Queira sonhar comigo, Cresça um pouco E me alcance! Vamos, vamos, você pode! És tão linda por dentro Que extravasa tua glória Todinha pra fora! Não uso mais teu anel, Pra não ferir-me a alma. Tu és impossível, és mágica, Tu nunca fostes criada! Tu és e sempre será minha amada, Embora teus lábios, teus braços, teus olhos, Não devo querer mais... Mesmo assim, tu és ainda O perfume do jasmim de casa!