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Mostrando postagens de novembro, 2009
A Semana (Víctor Lemes) A cabeça pesa mesmo quando corto o cabelo. Os olhos ardem sem ter caído condicionador neles. Meus dedos sangram quando arranho-os na parede. E o peito se abre cada vez que meu sonho não vejo. A lágrima que não cai, nem sequer existe. O medo instalado nos pulmões emigrara. Vive viajando nas veias, perfurando-as feito espada. Quando ao coração chega, lá nada reside. Unhas feias que todos os dias roía. Deixaram minha carne mais visível a todos. E a profunda sombra que nelas vivia, É o que resta, é o que não somos. Tenho um rascunho do futuro guardado. Em pequena letra, à punho, meu nome escrevo. Sem ter ninguém antes visto ou lido, Aquilo que guardo para o eu idoso, amigo filho.
C e c i (Víctor Lemes) Ela vive a milhas de distância daqui, O que dá trilhares de quilômetros pra nós, Já que lá até neve cai. Já a vi umas vezes, ao passear nas ruas, Já cumprimentei-a diversas vezes, Beijei-lhe a face, e sorri demais. Vive aqui, mesmo estando lá. Ao longe sentávamos lado a lado... Já dividi segredos, e já contei fatos. Já riu das minhas palavras de afeto, Fui ingênuo, e me abraçara sem me tocar. Sem querer, ou "com" querer, ela dizia Que me queria. Dizia que me amava... Aprendi a ouvir o som das palavras sem voz. Dorme aqui, mesmo que eu não saiba seus sonhos. Por perto, ela é sempre longe.
Escada (Víctor Lemes) Alguns falam de uns enquanto são todos uns. Pensam diferente no que difere a diferença de serem iguais. Vivem a vida, que era pra ser vivida, sobrevivendo de outras vidas. Julgam o que é certo certos de que julgam baseados nos próprios erros.
Parece ser (Víctor Lemes) Os tijolos que preenchem estas paredes, Parecem com as palavras nestes versos. Escrevo-as sem saber quem as lê, E sem saber se quem lê tem olhos. Escrevo estrofes de quatro versos, Acredito que quatro é um número ideal. Já que o quadrado tem quatro lados, E, nos cubículos, tudo é normal. Do mesmo modo que o construtor Levanta o muro de tijolos, O que escreve, quem é escritor, Pensa, e sem pensar, vê  os versos.
Sem título 8 (Víctor Lemes) O que perpassa as telhas, Que chacoalha os talos, Apazigua os pássaros, Atrapalha as abelhas. Traz consigo os lados, Traz de volta o que nunca levara, As mágoas e sorrisos De um tempo de outrora. Vem devagar apressada, Toca meus dedos e meus cabelos, E atravessa meus poros... Me acorda e me abraça, Lê-me, e guia-me Nessas rotas, sem te ver, sem-fim vida.
Fotógrafa (Víctor Lemes) Li na linha, Li do livro, Li naquele verbo; (O momento chega). Li atrás, Li na frente, Li naquele verso; (O tempo se movia). Ando devagar, Anda rapidamente, Ando sem ao chão pisar; (E sua luz não apagara).
Acróstico 3 (Víctor Lemes) Já aqui de perto, com Uma pétala entre suas mãos, Lia aquela última folha... Ia e vinha com os olhos A contar as pétalas que Numa única flor ali havia, e que Antes ninguém conhecia.
"Dona dos cabelos negros, Abandonara o preto e o vermelho, Uma vez, vício dos olhos De quem escreve este recado." - V. Lemes