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Mostrando postagens de julho, 2012

História de bêbado desaparecido

(Víctor Lemes) Sabe aqueles anúncios impressos em papel sulfite, contendo a foto do bêbado desaparecido, telefone da família, em desespero procurando o coitado? Então, me dá nos nervos tamanha babaquice. E antes de você vir a me julgar ou ao que penso, pense um pouco comigo. Quantas foram as noites que o infeliz do bêbado parou naquele bar, o mesmo bar que agora consta o poster de aviso, procurando algo para preencher a falta que fazia na vida dele? Quantas vezes ele voltara para casa tarde, ou então nem voltara! Esses tipos de bêbado só bebem nos mesmos botecos, e a família, se assim desejasse, poderia encontrá-lo com facilidade. Poderia buscá-lo e trazê-lo para dentro. Poderia ter se dado conta que está ficando tarde, e o velho ainda não chegou para a janta. Mas não, enquanto o velho bebum não aparecia em casa, mal fazia falta. Agora que dizem que desaparecera, pois nem a dona do boteco soube do paradeiro do infeliz, a família agora se preocupa em procurá-lo. E se preocupa tanto,

Sobre as estrelas

(Víctor Lemes) - Gostas de segredos? Pois, conto-te este já que mereces. Vês o manto negro que cobre-nos as cabeças esta noite? Chamam-no de "noite". Dizem as más bocas que nele dormem intactas as chamadas "estrelas". Ao mirar meus olhos acima, neste vasto oceano de vazio, não encontro uma estrela sequer... - Mas como? Não vês? Há muitas próximas da Lua, e outras ali... e outras acolá... - Lá em cima não há nenhuma. Aqui em baixo, deparo-me com duas. Aquelas não são estrelas, senhorita. São os anjos que perdem seu tempo a nos observarem, assim como perdemos o nosso ao observá-los. Os homens nos disseram que eram "estrelas"; os mesmos homens que nos disseram que éramos bem-vindos ao sistema. - Não entendo... Como podes dizer que "estrelas" não existem, ou melhor, que não há uma sequer nos céus dessa noite, mas sim apenas duas caídas nessa terra? - Eu é quem deveria me espantar, e daqui já posso ouvir a Lua a reclamar! Como ousa roubar-me

Sem título 34

(Víctor Lemes) Me despeço: Não volta, Meu mar está em revolta. Te peço: Não quero que suma, Apenas assuma.