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Mostrando postagens de julho, 2010
Cinza (Víctor Lemes) Sabe o que eu queria fazer hoje? Te conhecer. E que eu pudesse fazê-la rir Enquanto eu rio dos pedaços de mim. E outra coisa que faria hoje? Me conhecer. E que você pudesse fazer-me rir Enquanto você ri do meu vazio. Uma coisa que não fiz hoje? Me abraçar. E dizer-me bem no fundo Quão tolo ainda sou. Uma coisa que não faria hoje? Perder-te. E me lembraria de querer desaparecer, Quem sabe assim, sentiste falta de mim.

Conto Inacabado

(Víctor Lemes) - Me conta. - O que você quer saber? - Vaaaai! - Pois então: "Quando atendi a porta, a minha surpresa foi por não só vê-la mas também aquele que arrancava a florzinha amarela de lá da frente. Fora o tempo que me pregara a peça ou eu, de fato, não o conhecia. Não me assustei ao vê-la a dois, convidei-os a entrar. Na época da sua avó, as pessoas sempre se abraçavam ao se cumprimentarem. Nossa geração nunca o fez, apenas em festas e olhe lá! Lembre-se disso. Cumprimentei o rapaz com um abraço mais frouxo, em relação àquele que nela dei. Não me recordo o que fazia da vida, nem eu, nem ele. Ela seguira o caminho imaginário que havia planejado naqueles dias. Fiquei feliz: alcançara o que tanto, ou quase nada, almejara há anos. Era de alguma forma como eu, todavia, ela teve uma vantagem: escolheu a vida como ela é à poesia. Nessa casa onde agora você se conforta... (Não devo fechar as aspas. Ainda.)

The Will

(Víctor Lemes) My heart is looking for Someone new That makes me laugh, That makes me feel Like I've never been before. These sincere thoughts Make me realize What I never got right, That thing that comes from inside, Filling me in, wearing me out. I wish I could find her Somewhere near, May the wind blow faster To make us meet each other soon. Thus, I can fight for something true.

Se

(Víctor Lemes) Atrás de cada palavra, de cada risada, De cada lágrima não derramada, Se esconde; Por que se esconde? A cada gesto, a cada careta, Seja a um estranho, seja quem quer que seja, Se cala; Por que se cala? Tem pesadelos, tem sonhos bons, Não pronuncia palavra quando se deve, Se ignora; Por que se ignora? Passeia, caminha e corre, Tem ambas as pernas, vontade, Se nega; Por que se nega? Não possui tantas coisas, Porque já as tem, e ainda Se machuca; Por que se machuca? Se esconde quando a noite se cala, Ignora tudo o que não nega, E machuca todo resto dela, Por que continua? Não se redime, não entrega-se, Se define como indefinido Num mundo de definição. Por que ainda tem um coração? Por que não vai embora de si, E deixa tudo assim, covarde! Por que magoa tanto os que ama, E chora sem saber porquê chora?

Sombras nas paredes

(Víctor Lemes) Me pego a perguntar-me Se tens como sombra Tua honra e teu sorriso, Tão lindos juntos ou separados. Me pergunto se olha pra cima e pra baixo, Se gira em torno de ti mesma, Sem precisar abrir seu terceiro olho, Feito de vidro, plástico, e lentes de aumento. Me pergunto se pegar-te como minha Seria um tão mal para o mundo, Ser assim egoísta e mesquinho, Ter o tudo de bom que és Só para eu possuir. Mas és tão livre e tão reclusa, Dentro de teus olhos negros Posso ver a solidão que traz tua insônia. E posso sentir que se sentiu sozinha naquele dia. Não, tu não deves só a mim pertencer, Já que não pertenço a ninguém Que me tem por direito. Vá lá, corra e caminha, Tu não te preocupes com o que te dizem, Com os chatos e banais, com as bagagens e bolsas. Suba aquela rua, escale aquele prédio se apoiando em corrimões. E não olhe nunca para trás, ou viraste pedra já! Se me procurares, erga tua cabeça e me sorria Aquele sorriso só seu, Aquele sorris

A pequena luz

(Víctor Lemes) Tanto faz como pensas, pequena luz das estrelas. Tudo o que fazes não passa de partes de tuas sem-fim faces. Olha para dentro de ti, dize-me o que sonhas. Dize-me com orgulho que és uma com as outras. Pensas que vives por mera casualidade de números, Pois é chegado o tempo de ver-te a ti mesmo Como repletas vezes o fez perante o espelho. Abraça-te a ti mesmo, como abraça-me agora, Sinta o infinito correr em tuas veias, parta daqui! Seja o porquê de tudo que lá existe, Seja as respostas ambulantes de uma vida De mil perguntas! Seja, pequena luz das estrelas! Seja uma com teu próprio verso! Seja e não esteja, pequena luz das estrelas! Cresça como cresceram as montanhas, E seja tão grande quanto tu nem sequer sonhas, Pois um dia há de o Sol chegar, Eu lhe sorrir e chorar, Cheio de orgulho meu coração encher, e dizer: "Feliz os que souberam entender e ver O imenso infinito naquele grão de mostarda, Feliz os que souberam, em você, reconhece
Sem título 11 (Víctor Lemes) O que significa emocionar-se Senão o encher-se de emoção, Daquela que por inteiro o consome Ou daquela que traz lágrimas ao coração.
Sem exceções (Víctor Lemes) É difícil para as pessoas entenderem A razão nossa de nunca desistirmos. Lutamos tanto contra o preconceito para com o negro, Abolimos (mesmo que apenas em parcela) a escravidão. Tiveram que morrer queimadas em fábricas, fogueiras Feito bruxas, feito loucas, feito rebeldes criaturas Que se rebelaram contra o machismo autoritário De tantos homens, de tantas bestas, de tanto vazio. Quantos não foram vítimas de crentes enganados, Céticos cientistas, psicólogos e malucos. Apanharam, sofreram e muitos até morreram Por só preferirem os iguais a si mesmos. Temos batalhado contra tudo e contra todos, Aqueles que se diziam perfeitos, e belos. Temos vencido preconceitos, quebrando paradigmas: Bifobia, etaísmo, homofobia, racismo e sexismo. A verdade é que nós, tal qual vocês, somos todos iguais. Todos queremos um lugar de igualdade, fraternidade e liberdade. A cada geração, temos atualizado esses três termos, É chegada a hora de ver mais alé
Estive (Víctor Lemes) A arte de estar sem estar, Como areia que corre pelos dedos, Como fio d'água que se derrama nos cabelos, Este sou eu que lhe agrada por só estar. Não por estar de corpo aberto aos quatro ventos, De braços bem apertados em seus joelhos, Lhe abraçar como faço todos os dias Quando não está por entre meus dedos. Ah! Estar por só estar, Sem estar de fato, de verdade, Na realidade: nunca estou. Estou em você, mas o contrário Não existe, pois está em outro estado, Está com você e um, enquanto eu só estou.
Ao ponto (Víctor Lemes) Querem nos derrubar, e nos controlar, Podem até conseguir nos conquistar, Mas minh' alma é tão minha Quanto o Sol é pra Lua, Ou o asfalto é pra rua. Nada há de me cruzar, Nem me atravessar por inteiro. Apenas a carne há de se arrebentar, Quando as lâminas de um deus Com minúsculas chegar. E dali em diante hei de crescer, Meu poder é muito mais eterno Do que os dos homens que nada valem. Pois meu pai é o Pai das Luzes, E hei de iluminar todas as frestas.