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Mostrando postagens de maio, 2010
O passarinho e a lua (Víctor Lemes) E numa noite dessas de silêncio Estava eu debruçado à varanda, A admirar a aura da lua E o brilho dos anjos. De repente meu olhos captam algo, Um ser pequenino, que voava em circulos, Bem perto do meu rosto. Tinha bico E belas roxas penas, um esperto passarinho. Trazia consigo debaixo de sua roupa O prazer que só o amor é capaz De nos trazer. Pousara em meus dedos sem medo Me olhava curioso, tombando sua cabecinha Para os lados. *** Aquela lua linda estampada num céu azul-marinho, Fazia daquele momento melhor que os dias de sol. Com dois olhos redondos, feitos por meteoros, Me olhava com seu rosto levemente inclinado. Estava curiosa ao ver um humano fitando-a, Um humano que resolvera perder seu tempo Enfiado em cubículos decodificando dados, Ou metido num quarto se contentando com o passado. E assim, como se eu pudesse ter visto, Por quase um segundo, Ela sorriu pra mim. Enfim, senti o brilho simples de sua aur
O mesmo olhar (Víctor Lemes) Que saudade daquelas manhãs de domingo, Naquele tempo em que o brasileiro Tinha orgulho de sê-lo todos os dias E não só de quatro em quatro anos... Ah, que gosto bom dessa parte da vida, Que hoje me traz lágrimas de alegria Misturada com frustração, pois sei que Dias iguais não há de ter mais por aqui... Bê, se pudesse reviver aquelas manhãs Daria tudo que tenho hoje pra estar lá, Torcendo a cada volta, berrando seu nome A cada reta, erguer bem no alto nossa bandeira... E poder sair de casa feliz, na segunda-feira, Sabendo que dali duas semanas Nosso meio-irmão, meio-parente, nosso amigo Estaria lá pra nos receber e nos reconhecer... Eternamente, que seja eterna sua presença Em nossa mente... e coração... Pois, almas assim não existirão... Daqui de baixo, do meu Brasil: viva, Senna!
Gente: falsa (Víctor Lemes) Vocês que alimentam a falsidade, Dando trocados a cada esquina, Vão fingindo que a meus olhos enganam E se enganam fazendo de si mesmos Grandes erros, tremenda mentira. De risadinhas tolas sem afeto algum, Vão distribuindo nas calçadas Panfletos cheios de propaganda enganosa. Vão subindo assim as escadas da vida, Se apoiando em suas ilusões Acreditando que fossem fortes corrimões, E de repente, sem ruído algum, Tropeçam e escada abaixo rolam... Dó de vocês? Piedade quando acordarem? Imaginem, sonhem alto assim, Não esperem nunca de mim palavras de afeto Para com pessoas como vocês, que maltratam Tanto o outro, mas quando A tristeza da solidão os invade, Voam feitos mosca em carne crua e sangrenta. Nojentos, estúpidos, hipócritas. Deste que aqui escreve nada mais há de lhes dizer, Já que o tempo trará a Verdade tão logo teus olhos chorem, E quem sabe então, Verão as cores fétidas de suas máscaras.
Ah, tempo! (Víctor Lemes) Personifiquei meu objeto de amor, E, naquela noite, deu seu primeiro passo. Pena que comecei pelo jeito fácil, Pois, mais fácil ainda há de acabar. Tudo que esperei nessa corrida adolescência, Hoje percebo, fiz errado; Perdi a mim mesmo no processo. Ah, Tempo! Tem dó de mim, E olha-me com esperança E me diz que ainda há chances, Que, num pulo, eu volto aqui pra dentro E me reencontro com aquele Víctor de três anos.
Espere (Víctor Lemes) Eu sei que não mentiu, meu amor. Sou o mentiroso de mim mesmo, Esperei ver em você o que ainda nem sou, E menti assim, sem porquê, Pra me ver metade feliz... Feliz em só falar com você.
Ah, coração! (Víctor Lemes) Ah, coração! Se eu não o conhecesse assim, Que seria de mim, pobre Solidão! E daí em diante, tudo é sorrisos, Sejam meus, sejam do Vento! Eu sei, eu sei que você já se cansou De tamanho passatempo, Mas entenda, coração, e me acredite, Nada melhor do que saber que eu, agora, Não estou a boiar num imenso lago De falsos amores... Estou a descer o rio do Tempo, A navegar em minhas próprias embarcações! Ah, coração! Como eu sou assim? Um tanto ingênuo, mas tão feliz...

Pedra

(Víctor Lemes) Não lhe julgo Como criara seus filhos, Não me julgue por aquilo Que fiz do meu passado. Todos carregam Um saco de pano, recheado De pedras, Um pra cada conhecido. Esperam o caldo esquentar, E, sem o pedido daquele Que foi o Justo, atiram (Não só a primeira) pedra.

...

(Víctor Lemes) Falta do que fazer, Sentado no sofá assistindo tevê. Não ter nada pra escrever, Quando o que falta é você.
Pra sempre (Víctor Lemes) E agora, todas as noites quando durmo, Deixo o anel bem preso ao redor do dedo. Sem pensar se de manhã vai doer ou não, Ou se, pra sempre, nele vá resolver ficar. Olho no espelho, e me vejo maior. Mais alto, as mãos mais largas. Os olhos maiores e brilhantes, O rosto amplo, o coração aberto. Cinco dias sem contato algum, Cinco dias sem escrever Ou mesmo sem inpiração. Dois anos para o embarcar dos trens, Dois anos para o adeus, Ou então para a comemoração.

A fim

(Víctor Lemes) Me acham maluco, eu sei. Olho pr'os céus, seja dia, seja noite A procura de uma luz, ou até seis. Pois elas trazem consigo a vontade. A vontade de crescer, e entender O que vocês não querem nem saber. Porque alguém tem que começar Pra poder, mais tarde, lhes ensinar. Eu rio de vocês que riem de mim Achando que perco meu tempo Em tentar descobrir o oculto, Mas quem sabe assim, não haja o fim.