Onde

(Víctor Lemes)


Cheguei ali, num banco de madeira sentei, ao final da tarde. E você não estava lá. E eu olhei para a esquerda, você não estava lá. Olhei para o portão, você não estava lá. Virei o rosto pra trás, não estava lá também. Levantei-me, e desfilei nos corredores por vezes, não estava lá.
Cheguei lá, sentei-me no banco de madeira, novamente. E você não estava lá. Percorri com os olhos todos os canteiros de flores, não estava lá. Olhei para o céu, e fitei as nuvens, todas as nuvens que meus olhos alcançavam, não estava lá também. E tentei olhar pro Sol, que naquelas horas já ia dormir, mas não estava lá.
Lá, pensei. Havia procurado em tudo que é mais belo e vasto, e você não se encontrava ali. Procurei em todas as salas, que até então, trancadas, sem sombras, sem luz, e você não estava lá também. E pensei, e sofri. Pois naquele momento, eu percebi, tinha perdido você.
Ali, pensei. Lembrava da sua voz, dizendo nomes tão estranhos quanto engraçados, naqueles dias de risada. E lembrei, assim, sua risada naquele banco branco, de tarde. Lembrei-me também do abraço, que naquelas tardes, foram tão aconchegantes, quanto um de criança. E lembrei, também, das vezes em que trocamos letras...
Naquele lugar, soube. Não haveria nenhum outro, onde eu pudesse encontrá-la. Dentro de mim, somente. Dentro, bem dentro, onde mora o Amor, com maiúscula. Nenhum Sol seria capaz de igualar-se à luz dos olhos seus. Assim como, nenhuma das flores, seriam mais belas quanto você. Nenhuma das mais verdes folhas, teriam o verde que carrega em teus olhos. Nada, nem ninguém, seria tão linda quanto você é.
Aqui, escrevo. Para que um dia você leia. E saiba o quanto eu me importo com você. E que você perceba que nunca estará sozinha, assim como nunca estarei. Confia. Sei que a tenho aqui dentro, mas ainda assim, sinto saudade.
O que mais desejamos, quando chega, temos medo.

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