Conto conjunto
(Víctor Lemes)
Perguntou se estava pronta, e ela acenou um "sim" com aquele sorriso irônico que só ela tinha.
Perguntou se ela o conhecia, e ele disse que talvez não.
Desciam as escadas, pois o elevador estava em manutenção. Eram apenas três andares.
Talvez não, talvez sim. Quem seria capaz de conhecer o absoluto?
Pôs o cinto, virou a chave e engatou a ré. Ela fazia piadinhas, contava seu dia. E ele ria, enquanto tirava o carro para a rua.
Já na primeira esquina, a história se invertia, e era ela quem ria.
Lembrava-se dos 5 anos atrás. Das risadas, dos melhores anos. De como eram, de quanto mudaram, de quanto perderam.
Estamos chegando, ela disse, enquanto passava seu olhar pelas luzes da cidade. Era uma surpresa o destino, mas ela já o conhecia demais, segredos ali não haviam.
Desceram do carro, e ele disse ao rapazinho para estacionar mais próximo da saída. Depois dos por favores e obrigados, entraram.
- Mesa pra dois, senhor?
Estavam esperando alguém, o qual acenou logo que avistou à porta, Jesus.
Quando chegavam à mesa do dito cujo, ele riu. Havia algo mais ali. E a noite seria relevante.
Sentaram, e na hora dos abraços e beijos no rosto, reconheceram-se.
- E então, rapaz, como vai a vida?
- Vai bem, obrigado! E a sua como está indo? Vejo que já se formou.
- Como você está? Ele perguntara à sua acompanhante.
- Estou bem. E riu dele.
- Minha vida, meu amigo, está bem sim como vê!
- Vê como está romântico! Gargalhava.
- É bom mudar! Não é?
- Ah, sim claro, esta é a minha vida. Não parava de rir.
- Se conhecem?
- De olhar.
- É talvez seja. Ele disse enquanto fitava sua bebida.
As conversas, as risadas, não teimaram em desaparecer daquela mesa, que embora estivessem quatro sentados, um estava perdido no espaço.
- Vejo que a noite além de relevante foi breve. Já é tarde, temos que ir deitar. Afinal temos que continuar nosso trabalho, não é mesmo?
Ela acenou um "sim' novamente com seu sorriso irônico.
E a outra vida, levantou-se e despediu-se.
- Verdade, meu amigo. Aguentar aquelas pestes não é nada fácil!
- Tratá-las como tais, é mais fácil ainda. Disse num tom mais grave.
Ela somente olhou, e percebe-se que pensou. Talvez fosse a única de lá, que teimou em pensar além de rir.
- Farewell, my friend.
- Sayoonara.
...
As coisas não mudaram nada, entre nós.
O que está pensando em fazer?
Estou a escrever um livro...
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