Urso

(Víctor Lemes)


Com essa minha barba ruiva, ando te esperando por entre ruas e esquinas.
Fico a procurar as estrelas, que antes eram tantas.
Observando os carros, os semáforos, as frequencias sem trema.
Quando há vezes, que te vejo por onde ando, que sinto teu cheiro, que espero seu abraço.
E o que você está fazendo, é esperar o vento fazer a curva?
Esperar chegar a chance, sem ter dado chance à própria chance de chegar...
Ao som das baterias e das guitarras, e das vozes dos que já foram e dos que ainda cantam, vou caminhando nessas ruas tão cheias de gente, e ao mesmo tempo, tão vazias...
E tem vezes, que penso, ou tenho a certeza, que está me evitando, por medo, vergonha.
Prefiro não pensar no egoísmo, talvez não seja nada disso.
São raros, mas tem esses dias, em que reflito sobre tudo que se passou, toda aquela magia nas palavras, tudo aquilo que era bom, que era como um céu.
Mas um dia, de repente, tudo sumiu, hibernou. E não vi o rosto debaixo daquele véu.
Sabe, sou eu quem fico cutucando, este urso que está a hibernar.
Na esperança que um dia ele pare de roncar, e acorde de uma vez. E abra seus braços, e me ofereça seu macio abraço. Ou então que me abocanhe, e que de uma vez me coma, sem que eu sinta mais a dor de não saber...
De não saber se me ama, ou ama não.

Comentários

  1. Nossa!!!!!!!!!!!!!!!! Me emocionei... senti!!!

    Te amo! Sua sorte passou por aqui... Demorei mais consegui!

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