Uma vez por semana

(Víctor Lemes)


É como ver a tarde passar,
As crianças a brincar
Sem dar-se em conta
Que as vidas lá fora,
São dez pátios de escola.

E nas escadas, sentar,
Esperando o filho sair
Sem olhá-lo nos olhos, não sorrir,
Não olhar para o todo e amar...

Entregar este meu coração
Que desde sábado, desde então,
Ele dói como quem alguém perdeu,
Perdeu o medo de esperar, o medo seu.

A tampa da caneta que percorre os dedos,
Tal como os anéis que modelam os mesmos,
Já não fazem parte da minha linha do tempo.

Eu me perco por estas linhas, por estes versos,
Que tão, e não, opostos a mim são: medrosos...

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