A Árvore


(Víctor  Lemes)



Senti cócegas nos pés, quando pequenos dedos passavam por entre eles. O vi ali, próximo a mim, sentado a chorar... Não entendi o porquê: enquanto eu acabava de rir, o menino chorava. Fiquei com pena, e ao contrário de meus irmãos, quis abraçá-lo. Mas não podia, ele tinha algo em mãos, algo que parecia não querer largar... E quando me dei conta disso, lembrei-me que o conhecia.

Era ele quem vagava, por todos os lados com sua irmã. Era ele o que era livre.

E nem sei quantos foram os dias que me debruçava nesses limpos e lindos campos, a olhar os meus amigos pássaros, e a ouvir seus passos. Quanta alegria estampada em seu rosto, a arrastar-se tão rapidamente quanto o vôo dos meus pássaros. E eu aqui, sempre sentada pra vida, a só observar toda a alegria.

E ele sentado a minha frente, com lágrimas no rosto, a se queixar da vida. Talvez, meu mundo e o seu sejam diferentes. E talvez, eu veja mais, sem os olhos que tem. Mas eu ainda só vejo um lado da vida. Abraços não posso conceder, apenas receber. Talvez, sim, minha única forma de carinho com a vida que me rodeia, é guiando os ventos, e fornecendo os aromas de minha pele...

Sentado ali, vi-o chorar. Sentada aqui, a olhá-lo, duvidei.
Chorar por que razão... chorei por não andar...

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