A Semana

(Víctor Lemes)


A cabeça pesa mesmo quando corto o cabelo.
Os olhos ardem sem ter caído condicionador neles.
Meus dedos sangram quando arranho-os na parede.
E o peito se abre cada vez que meu sonho não vejo.

A lágrima que não cai, nem sequer existe.
O medo instalado nos pulmões emigrara.
Vive viajando nas veias, perfurando-as feito espada.
Quando ao coração chega, lá nada reside.

Unhas feias que todos os dias roía.
Deixaram minha carne mais visível a todos.
E a profunda sombra que nelas vivia,
É o que resta, é o que não somos.

Tenho um rascunho do futuro guardado.
Em pequena letra, à punho, meu nome escrevo.
Sem ter ninguém antes visto ou lido,
Aquilo que guardo para o eu idoso, amigo filho.

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