Voz

(Víctor Lemes)

Não adiantaria eu falar, nem escrever, nem balbuciar qualquer coisa
Que não fosse a verdade, que de mim saísse, que vigorasse.
Não haveria calor, senão fosse o frio que guardo aqui dentro.
Saber quanto eu perdi, quanto eu conquistei, quais os minutos
E anos escolhi errado, ou nem escolhi, sem vê-la ao meu lado.
Não sei falar tudo isto que aqui escrevo, me vejo sempre
Perturbado, minha voz não sai igual àquela que está gravada
Nos vídeos, que fizemos juntos, que fiz sozinho; minha boca
Seca sem ter mais saliva pra derramar nos dentes o gosto do
Soro, que já disseram: tem gosto de lágrimas. Não posso
Mais ouvir nada, não sinto mais o que queria, perdi a batalha,
Havia tropeçado nas pedras a caminho do jardim de coloridas
Flores, rosas brancas e amarelas, camélias...
Meus defeitos você já me avisara, tanto quanto minhas qualidades.
Pois, não, você não faz parte da minha tristeza, tampouco você
Dá algum trabalho a mais, não me pesa, nem me atrapalha.
Meu jeito torto de fazer as coisas, de entendê-las, de ouvi-las,
De entendê-la, de ouvi-la, de cria-la, de abraça-la, de cuidar de mim.
Chega de escrever o que não tenho estado pronto de falar.
A fome e o sono já batem em minha porta, e já pedem: doces ou travessuras.

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