A foto azul


(Víctor Lemes)


Será que percebes o brilho opaco que em teus olhos existe,
do amor que se vingou d'outro amor, pois pouco o amaste?

E agora vê em tua face, à frente de tal magnífica miragem,
a infeliz vontade de ver a si, à semelhança e não à imagem.

Amanhã, quando acordares, vede como estão as nuvens,
Nelas vos observamos atentos, sob luzes e dentro dos trens.

Tenhais sempre a certeza de que não estás a beira
Da solidão. Sabes d’onde está, cada qual, à sua maneira.

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