Abril aberto


(Víctor Lemes)

Sabe quando cê sabe?
Pois é, eu sabia.
Mas se eu soubesse
Que se o saber assim machucasse,
Eu deixava de saber, e desaparecia.

E abril mal abriu e eu aqui,
Abrindo as janelas já abertas
Pr'as mais abertas ruas que há de ter por ali.
Ah, como abril já abrira minha caixa
mal aberta por tantas outras tentativas,
Que deixei-te na mente,
Como ferida aberta, que a gente cutuca,
Sangra pouco e a gente se lembra,
De como machucamos o couro e a carne...

Deixei abril assim, aberto,
Pra quem sabe, enfim, ser descoberto.
Saber das coisas de um coração confuso,
Confundir-lhe e a mim também, por saber de tudo um pouco.

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