Tropeço
(Víctor Lemes)
O caminho caminhava no menino,
que mal cabia nos próprios chinelos,
sem devaneios e sem medos.
Chutava pedra, pisava em folha seca
no chão de marfim, onde, quase sempre,
se via rodeado por um mar sem fim.
Hora vinha e batia na janela,
Só assim ele sabia do tempo que passava,
Já que o menino não podia vê-la.
E ali, bem ali na esquina,
Ele descia correndo as escadas
Só pra ver de perto a fila de formigas.
E assim passavam os dias, até
Que o menino um dia se levantara,
E dava os primeiros nós em seu pé.
Outro dia mesmo,
Tropeçava nos próprios laços
Que fez há anos...
Hoje, se vê um homem,
Mesmo que torto, mesmo que triste,
Alegre o coração por dentro.
O menino criara asas,
Voara tão perto quão longe,
E ainda dá pra vê-lo em frente ao espelho.
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