Estive

(Víctor Lemes)

A arte de estar sem estar,
Como areia que corre pelos dedos,
Como fio d'água que se derrama nos cabelos,
Este sou eu que lhe agrada por só estar.

Não por estar de corpo aberto aos quatro ventos,
De braços bem apertados em seus joelhos,
Lhe abraçar como faço todos os dias
Quando não está por entre meus dedos.

Ah! Estar por só estar,
Sem estar de fato, de verdade,
Na realidade: nunca estou.

Estou em você, mas o contrário
Não existe, pois está em outro estado,
Está com você e um, enquanto eu só estou.

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