Sombras nas paredes



(Víctor Lemes)




Me pego a perguntar-me
Se tens como sombra
Tua honra e teu sorriso,
Tão lindos juntos ou separados.
Me pergunto se olha pra cima e pra baixo,
Se gira em torno de ti mesma,
Sem precisar abrir seu terceiro olho,
Feito de vidro, plástico, e lentes de aumento.
Me pergunto se pegar-te como minha
Seria um tão mal para o mundo,
Ser assim egoísta e mesquinho,
Ter o tudo de bom que és
Só para eu possuir.
Mas és tão livre e tão reclusa,
Dentro de teus olhos negros
Posso ver a solidão que traz tua insônia.
E posso sentir que se sentiu sozinha naquele dia.
Não, tu não deves só a mim pertencer,
Já que não pertenço a ninguém
Que me tem por direito.
Vá lá, corra e caminha,
Tu não te preocupes com o que te dizem,
Com os chatos e banais, com as bagagens e bolsas.
Suba aquela rua, escale aquele prédio se apoiando em corrimões.
E não olhe nunca para trás, ou viraste pedra já!
Se me procurares, erga tua cabeça e me sorria
Aquele sorriso só seu,
Aquele sorriso só meu.

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