Alguém pra se levar


(Víctor Lemes)

Asfalto se mistura no breu da rua,
Que é distinguida apenas pelas luzes dos postes.
Opacas, e claras, vão distorcendo suas imagens,
E a doce flor que na guia brotara já ao seu fim chegava.

O som do silêncio do sereno da grama gritava,
Dizia nomes de criaturas e desertores de terras distantes,
Enquanto do meu coração não se ouvia as batidas,
As formigas com seus passos pesados marchavam pela noite.

Vago sozinho no vazio do sono vagarosamente,
Tento não acordar-me por dentro, ou despertar-me de todo.
Pois o que tenho aqui comigo é só a vontade de a face beijar-te
E envolvido em teus braços, ser levado às alturas de um céu dourado.

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