Dá-nos a Paz
(Víctor Lemes)
A secura dos meus lábios,
As pétalas de rosas negras
Igualmente secas
Caem dum céu sem tons.
As ruas infestadas de baratas,
Tontas e mortas, vagam pelo breu.
Sem saber quão longe estão,
Vão se arrastando pelo chão.
Migalha, fiasco, mágoa, lágrima.
Tudo é uma coisa só,
Quando o dia das contas chega,
E o que resta vira pó.
E enquanto todos tremem
Diante de um possível julgamento,
Os anjos dormem.
Estão a sonhar conosco.
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