Mar de Cristal


(Víctor Lemes)


E nesse dia dos pais,
Meu pai de luzes
Encheu-me de paz
Sem mais dias tristes.

Foi num sonho qualquer,
Ali debaixo do mesmo teto,
Respirando o mesmo ar,
Sentados no mesmo sofá.

Eu seria um fardo,
Um mau amado,
Um ser diluído e ínfimo,
Uma verdadeira pedra
Em teu caminho.

Aquele pai de luzes me ama,
E por amar-me assim
Só faz de tudo pra me dizer que sim,
Sim devo deixar pra lá,
Já é feliz do jeito que está,
Com quem se abraça,
Com o que acredita...

Armo as velas de meu barco,
E coloco-as lá no alto,
Pro vento fazer seu trabalho
E levar-me por esse mar a dentro,
Sem saber para qual lado
Mas sabendo que foi para o bem.

Não possuo pernas de pau,
Nem olho de vidro,
E ainda não carreguei meu navio
Com algum tesouro perdido,
Mas sigo feliz assim por velejar.

Hora de velejar
No Mar de Cristal.

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