Carta aos Jovens
(Víctor Lemes)
Muitos da minha geração
se perderam por aí,
sem saber de onde vieram,
nem para onde deveriam seguir.
E agora para resgatá-los
deste jejum da Verdade,
levará a mim muitos anos
de paciência e amizade.
Mesmo assim, quando acordei
esta manhã, me senti seguro,
me senti completo, me senti rei,
dono de um vasto tesouro.
E com imensa alegria
que do meu coração brota
a semente que antes nada valia.
E o céu ilumina a nova rota!
Abro as persianas da sala,
Abro as janelas da alma.
Capturo o vento com as mãos,
É hora de despertarmos, irmãos!
Onde estiverem,
Me acreditem:
É chegada a hora,
De fato, é agora!
Seja sob o céu de Porto Alegre,
Onde vive uma jovem que rejuvenesce
Qualquer pessoa que tenha olho que leia,
E que admire a boa, simples e profunda prosa.
Seja o menino tímido, do Espírito Santo,
Como tantos outros, à procura do outro.
Que se esconde por trás da graça,
Que resmunga sozinho nos cantos de casa.
Seja sobre o solo quente de Goiânia,
sob as árvores das avenidas longas,
onde uma garota simples se aconchega,
E ao longe sussurra e guarda bilhetes na gaveta.
Seja então, a pequena Júlia,
Que ainda nem conhece o tio poeta,
Que mama no peito faminta por amor,
Que dorme quietinha naquele abraço de calor.
Ora, seja então aqueles que são daqui,
De São Paulo, de perto, de Jundiaí.
Eles que se interessam realmente
Sobre tudo o que o mundo mente.
Ah, como são todos tantos,
No meio de tão poucos!
Já sou feliz, pro apenas tê-los no peito,
Feito memórias de uma vida de infinito.
Desejo que, se acaso minha geração falhe,
Tenham coragem de seguir em frente.
Tenham vontade de ser o que sonharam,
Não se contentem com os que sobraram.
Confiem. Lutem.
Podem esquecer de nós, mas sigam em frente.
Façam do melhor que conseguimos algo sublime.
Gostem. Amem.
Que minhas palavras sejam a corda
Que lhes resgata dos abismos do medo,
Da frustração, do desespero,
Da solidão.
Todos nós somos os mesmos.
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