Bela jovem

(Víctor Lemes)

Por que continua perdida,
Ó deusa natural da terra?
És tão solitária, e tão bela,
És tudo que há na Terra...
És a beleza do céu límpido de noite,
A sombra suave das copas das árvores;
O sopro leve da brisa é teus beijos em minha face,
Teus olhos bronze brilham o fugaz brilho
De todas as estrelas.
Ah!... Como eu te gosto, bela jovem...
Como eu te trago todos os dias em meu bolso da camisa,
Imagino-te como se fostes apenas minha,
Neste meu egoísmo de te querer todo o dia.
Ah!... Bela jovem, como eu te gosto...
Tu que perdeste o sentido, o sono, a hora, a solidão;
Tu que nasces comigo todas as manhãs,
E morres comigo todas as noites;
Tu que me atiras num poço de felicidade,
E lá de cima, sorris um sorriso afetuoso,
Como de quem é feliz por ver-me tão feliz
Em ser jogado nas águas daquele sentimento cognato.
Tu não estás sempre desolada,
Nem sempre acordada,
Nem sempre perdida,
Nem sempre a exagerar...
Não, quatro vezes não!
Tu és toda recordação clara e emocionante,
Que por mais que me doa o peito
Ao relembrar de ti, e tuas simples palavras,
Ainda estou cegamente entrelaçado nesse sentimento
Que custo-me decifrá-lo;
Custo-me pois tenho medo:
De perder-te no momento em que me confessar a ti,
E a ti me declarar.
Enquanto alimento um sentimento racional dentro de mim,
Mantenho-me quieto e, apenas digo-te:
“Adoro-te, bela jovem.”

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