Calendário

(Víctor Lemes)

Sou um doido varrido pelas bruxas que voam
Sob suas vassouras!
E sobre os telhados durmo feito ninhos
De passarinhos...
Sim, sou um objeto inanimado
Que se anima ao ver-te, amada!
E meu calendário não tem dias nem meses,
Cada folha das mil e uma folhas deste
Representa uma única hora;
E no lugar dos dias ficam os segundos,
E a cada momento que passa
Rabisco o segundo todo do papel!
É um segundo a menos...
A menos do nosso encontro, amada!
Enquanto os carros passam depressa,
Estou a caminhar devagar
Feito tartaruga que um dia ganhou da lebre,
Mesmo que esta tua ausência me traga febre...
Mesmo assim, meu amor,
Hoje sei que não há outra no mundo
Nem noutro mundo qualquer,
Que tenha esta tua essência que vem das estrelas!
Não há, não há!
E não há mais nada, por hoje, a declarar-te;
Pois quanto mais me declaro a ti,
Mais de Amor me encho.
E nunca me encho de ti, meu amor... Nunca.
Sou um doido que vaga pelas ruas
Com uma gaveta no bolso esquerdo
Da camisa.

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