O importuno
(Víctor Lemes)
Hoje,
Já me recomendam:
- Não escrevas mais à ela.
Mas, eu digo:
- Sou o poeta-importuno;
O que escrevo é o que sinto,
Privar-me de minhas palavras
É censurar-me os sentimentos.
Por favor, não me julgues mal;
Aliás, nem me julgues.
Os mundos diferentes
Que habitam este outro mundo
Têm a tendência a querer possuir
Os outros.
Tudo é como pássaros para eles,
Nos capturam, e nos guardam,
Pois, sabem que em espaço
Curto feito gaiolas de celas de ferro,
Nossas asas se atrofiam...
Não deixes que tuas asas
Se atrofiem também, meu bem.
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