Eu era assim

(Víctor Lemes)

Eu sou assim: escrevo para me esconder de mim,
E esqueço que para outros olhos nada sou.
No calar da noite lembro que os dela tudo vêm,
Mesmo que eu tente guardar a mágoa muito bem.

Sou muitos dentro de um único eu,
Sou o contraste entre o belo e o feio,
O verdadeiro e o verossímil;
Entre os que já foram, e o que nasceu.

Tem dias que divirto-me em me enganar,
Crio meu mundo de fantasias e de amores,
E vou fingindo que ela me ama também.

Tem dias que entedio-me com meus outros eu
E deito-me na cama, em companhia de lágrimas,
Admirando o vazio do teto, ouvindo o passar do trem.

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