Um sonho, ou não?

(Víctor Lemes)



Uma mistura de impotência e egoísmo,
Depois de um pesadelo na mesma noite
Do ocorrido.
Tive a impressão de quebrar-me por completo,
Um baque, daqueles fortes, levei de mim mesmo,
Havia há muito esperado.
Conhecera teu pai por “acaso”, ossos do ofício
De uma segunda-feira como qualquer outra;
A boa-nova havia me trazido.
Sua filha viria estudar numa universidade
Pública, pelos arredores desta pequena cidade,
E eu a conhecia.
Dissera-me também que seu curso seria de quatro anos,
E nestes quatro anos, ela moraria por aqui;
Não minto, fiquei contente.

Estou a esperar-te em frente à faculdade,
Encostado em um carro (talvez fosse meu),
Sorriso estampado, de orelha a orelha.
Porém, tu sais acompanhada d’outro rapaz bonito,
Que conhecera possivelmente no mesmo curso;
Meu sorriso já não é sorriso, é sem-riso.
Volto para casa; ela está em pé, estou desmoronando;
Entro em meu quarto, e no primeiro papel que encontro
Escrevo dois versos:

“A primeira é sempre
A última chance.”

Dois anos se passam, após o término daqueles
Outro quatro da faculdade...
Tenho o telefone de teu pai ainda em mãos,
Torno a ligar-lhe.
Tua mãe atende, e sorridente, diz a meia-voz:
Minha filha casou-se.

Desperto da cama com o telefone tocando.
São 7:09 da manhã. Não sei se me sinto feliz,
Ou mesmo triste, com o fim daquele “sonho”...

Ligo o rádio e ouço Djavan cantando:
“E esqueço que amar é quase uma dor”.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

The Tide Rises, the Tide Falls: Minha tradução

Desejo

Trecho Operação Cavalo de Troia