O porquinho
(Víctor Lemes)
(Víctor Lemes)
Que eu amasse minha Amada
Fosse como uma moeda,
Diria eu que encheria
Meu porquinho, cada dia
Um pouco.
E não diria
Que a cada dia que passa
Aumentaria a quantia
Das moedas.
Pois, no Real,
A menor delas é hum centavo,
E a maior é hum real.
Não seria por isso,
Então, que assim não encheria
A cada dia meu porquinho.
Há quem pense que aumentaria
A quantia e o valor das moedas,
A cada dia, pois fala-se
Que de vez em vez o Amor cresce;
Mas, não querido amigo,
O Amor não cresce, nem evolui,
Ele estagna e estaciona.
E assim, depositaria
Todos os dias
(Incluo aqui até os domingos
E os feriados),
Todos sempre a mesma moeda.
E a cada dia,
Sigo depositando minhas moedas,
Sigo enchendo meu porquinho
De valores,
Até que a data do encontro chegue.
Até que eu chegue
A pegar o martelo,
Para quebrar o porquinho...
E... doar todo o Amor
Nele, até então, embutido;
Paro. Grito:
- Por Deus!
- Não consigo!
- Não consigo matar o porquinho!
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