Tango de Poetisa

(Víctor Lemes)

Caminhava a passos largos,
Por uma viela, estava lá
Vinícius: homem moreno alto,
Olhos castanhos; usava óculos,
Deixava a barba por fazer
E as unhas das mãos também.
Quem para elas olhasse
Pensaria que ele soubesse
Tocar violão, ou outro instrumento
Qualquer de cordas...

Estava a passadas largas,
Quando ao coçar a barba mal-feita
Levantou seu rosto,
E viu!

- Clarice! Clarice!
Gritava agora Vinícius,
Por entre as avenidas,
Tropeçava nos transeuntes,
Seu rosto miracva o céu.

- Clarice! Desce! Desce, Clarice!
A noite caía e a Lua já cantarolava:
“Desfia teu carpete,
Puxa o barbante,
Enquanto ela voa,
Tu andas à toa.”

BAM!
Batera a cabeça no poste,
E não soube ver estrelas
Circularem por sua cabeça;
- Clarice, você desceu...
Apenas Clarices, em tapetes voadores.

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