"O Ômega é o Princípio"

Por muito tempo eu me ocupei em escrever sobre coisas que não me pertenciam, mágoas de memórias que nunca brotaram do meu ser, gastei a ponta de meus dedos ao teclar tantas letras inúteis, procurando buscar em mim o poder de provar os versos mais tristes e lindos que um homem poderia escrever. Dentro de poemas, demasiados chorosos, me escondi e me perdi de mim mesmo, e no momento em que eu tentava voltar a ser quem eu nunca deveria ter tentando impedir, me chegavam os comentários e as congratulações que diziam: estou feliz por ler seus poemas, principalmente aquele que diz isso e aquilo, aquele que te trouxe saudades de alguém ou de um lugar, aquele que citou o seu pranto fervoroso... fiz pessoas mais felizes ao ouvirem meus remorsos, meus versos tristes, minhas rimas pobres. Gostavam da minha dor. O que pode um poeta fazer senão escrever sobre aquilo que está morto dentro de seu ser? É a única maneira na terra de fazer reviver algo que já foi... É a mágica dos poetas poderem escrever sobre quem são ou o que não são, ou ainda que nunca cheguem a ser em vida (nesta vida). As tragédias são mais importantes que os sorrisos, veja aqueles que me considero leitor-querido de suas obras; veja Vinícius de Moraes com seus dramas e sua eterna busca do amor perfeito, suas saudades estampadas em cada rima e em cada melodia sobre os telhados de Londres; veja Pablo Neruda e suas memórias de um lugar que não poderá ser mais o mesmo, de sua amada que em lágrimas se indaga “onde está o amor?”... Perguntam-me por que parei de escrever minhas poesias, mas nunca me perguntaram como é o som de minha voz... e serão poucos os que lerem a esta última linha com os olhos de uma criança que sabe ler as entrelinhas. Estou cansado de humanos que se dizem humanos, mas não passam de pedras camufladas, daquelas que não conseguem, e não fazem, nada por vontade própria, há de ter sempre alguma mão para levantá-las e dizer para onde podem ir, juntos. Estou cansado de bancar um escritor para outras mentes, que neste exato momento, deveriam estar ocupadas criando suas próprias histórias; tenho um desejo profundo de fazer algo para os outros, que seja duradouro, e que não permaneça apenas nas páginas virtuais de um blog, ou impressas entre as margens superiores e inferiores de uma folha de papel. As pessoas que queiram ler poesia, que criem suas próprias poesias; ao contrário do que a grande crítica costuma borrifar nos seus olhos, não há necessidade de talento para a arte; basta apenas vontade. Tampouco existe a necessidade de “se arranjar tempo”, pois se assim o faz, já é um grande criador ao dar vida a este ser que tanto falam os estressados e os historiadores: o senhor “tempo”. Pois bem, neste dia vinte e quatro de fevereiro de 2013 (para os que acreditam nesta baboseira de calendários), eu me declaro em estado de hiatus para com meus poemas, e Deus sabe o quanto eles me trouxeram de bagagens, tanto úteis quanto bugigangas; e antes de encerrar esta carta pública a um possível leitor, desencorajo qualquer outro ser criar um blog a fim de publicar seus poemas ou prosas: o que escreve é apenas seu, pertence a você, e só você poderá decifrá-los, talvez não hoje, mas amanhã você os compreenderá. A ironia do Pai é tão imensurável quanto o Amor que me foi dado por Ele que, embora este blog tenha recebido um nome que significa “continuar”, a partir de hoje ele chegará ao seu “parar”. E com isso, este grande único parágrafo inicia e encerra mais um capítulo de minha vida como Víctor Lemes, ao mesmo tempo em que me dá forças para reacender meu lampejo. A todos os seres que até aqui leram, que por trás de meus ombros, alados, me deram forças para escrever tudo que me aqui escrevi: meus sinceros agradecimentos.

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