Amor e Liberdade, sinônimos perfeitos


(Víctor Lemes)

Um dia de chuva forte,
Daqueles que o céu se enche de nuvens negras,
E pode-se ver o clarão dos raios ao longe,
E de repente se ouve o trovão.

Foi num dia assim, que enfim,
Dos céus desceram feito relâmpagos,
Aqueles que nos guiaram até ali,
Estenderam suas mãos a nós, os anjos e querubins.

E de suas nuvens brotaram brancas luzes,
O vento me ajudara a embarcar
Naquele algodão-doce gigante.

Nos disseram que o dia havia chegado,
Que nosso novo lar já estava preparado
Para nos receber; erro meu, preocupei-me...

*

O mais alto deles, com olhar sereno
E cheios de ternura, me sorriu um sorriso
Bondoso, daqueles que traduzem mil palavras
Em apenas um segundo.

Me leve até lá, por favor - disse, sem dizer.
Não parava de fitar-me os olhos,
Respondeu-me, sem pronunciar palavras,
Já chegamos; mais nada a fazer nós podemos...

Estava no quintal de casa,
A ler um livro, talvez de Saramago,
Da nuvem saltei ao solo, como num pouso livre.

Estendi minha mão, e sorri.
Se assustara com tamanha luz que aparecera do nada,
Bem acima de nossas cabeças.

*

Vem, não tenha medo - convidei.
Confia tua mão à minha, vamos voar,
Vamos vagar pelas estrelas,
Embarquemos. Vamos!

Não posso - respondera.
Confio e acredito em tudo que falas,
Tu sabes, não posso ir,
Tenho muito a fazer ainda aqui...

Podes ir, desejo-te bem - terminara.
Minhas mãos trêmulas já sabiam,
Meus ouvidos aguçados, minha voz se apagara.

Virei o olhar de volta à luz do relâmpago,
Abracei-o, abracei meu Vento: - tu vais e me esperas,
Meu amor por ti é imenso, e me diz que aqui ainda pertenço.

*

Das nuvens, brotaram gotas de chuva quente.
Lágrimas de alegria, de satisfação,
De memórias e saudade verdadeiras
Daquelas que vem do coração.

Daqui de baixo, construiremos o novo povo,
O novo mundo, a esperança nunca há de acabar.
Juntos faremos deste inferno um novo céu,
Tiremos deste mundo o sombrio véu.

Aceito-te se dizes que não me queres,
Amo-te em tua essência,
Amo-te em tua ausência.

Por ti, dou-me por inteiro,
Por nós, faço do mundo nosso terreiro,
E por amar-te assim, amo-me por dentro.

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