Trechos: Operação Cavalo de Troia 6

"E me atrevi a ir fundo no que eu já sabia:


- Se bem entendi, tu, Senhor, não estás aqui para redimir ninguém...


Simplesmente, negou com a cabeça. E afirmou:


- Em seu devido momento escutaste isso do próprio Filho glorificado: o Pai não é um juiz. O Pai não contabiliza essas coisas. Por que exigir responsabilidades de criaturas que não têm culpa? Cada um responde por seus próprios erros...


Eliseu mostrou estar de acordo.


- Isso faz sentido.


E Jesus, nos apontando com o dedo, arrematou:


- Estai, pois, atentos e cumpri vossa missão: deveis ser fiéis mensageiros de tudo que digo. Que o mundo, o vosso mundo, não se confunda.


Mensagem recebida.


- Conhecer de perto tuas criaturas. Viver e experimentar na carne. Mas, Mestre, que podes aprender de nós?


Meu companheiro, perplexo, continuou perguntando e se perguntando.


-  O que pode haver de bom em seres tão mesquinhos, brutais, ignorantes, primitivos...?


O Galileu o interrompeu:


- Deus!


- Deus?


- Assim é - explicou Jesus acariciando cada palavra. - Essa é outra das razões, a maior razão pela qual desci até vós. Ab-bã. Lembrar a estas e a todas as criaturas do meu reino que o Pai reside, pes-so-al-men-te, em cada espírito.


Naquele momento, Eliseu não percebeu a importância da revolucionária afirmação do Galileu. E desviou-se:


- Outras criaturas?


Jesus, compreendendo, resignou-se. Sorriu benevolente e de novo assentiu com a cabeça num significativo silêncio.


- Mas como outras criaturas? Onde?


- Querido e impulsivo menino... Acabo de te dizer: estás no começo de uma venturosa caminhada em direção ao Pai. Algum dia o verás com teus próprios olhos. A criação é vida. Não reduzas o Pai às curtas fronteiras de tua percepção. E te direi mais: a generosidade de Ab-ba é tão incomensurável que nunca, nunca, chegarás a conhecer seus limites.


- Estás dizendo - manifestou o engenheiro incrédulo - que aí fora tem vida inteligente?


- Olha para mim. Me consideras inteligente?


Eliseu, aturdido, balbuciou um 'sim'.


- Pois eu, filho meu, procedo de 'aí fora', como tu dizes."


(Páginas 371, 372. Operação Cavalo de Tróia, 6: Hermon, / J. J. Benítez; trad. Wladmir Dupont; Julia Bárány. - São Paulo: ed. Mercuryo, 1999. )

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