Um grande amor
(Víctor Lemes)
Vez ou outra, me deparo com esse grande amor que tanto escrevem os blogueiros, os artistas, e os músicos, e fico aqui pensando se é possível mensurar o Amor. Mas, para isso, é preciso antes de qualquer coisa, identificar o que é o Amor, com maiúscula. Dizem que o Amor é tudo, e que tudo é Deus; consequentemente, Deus é Amor, ou vice-versa. Agora te pergunto, é possível mensurar a Deus? Os homens têm em si mesmos esta sensação de viver o momento, que para afirmar que o momento é bom, eles dizem: “Nossa! Foi a melhor coisa que aconteceu comigo na minha vida!” e eu penso: “Mas, querido, sua vida ainda não acabou (e nem irá), como pode afirmar uma mentira dessas?”.
Só podemos afirmar que algo é pequeno ou grande, quando temos uma escala ou determinamos um tamanho mínimo e um máximo. Pois, o que é grande para mim pode ser enorme para você, e ralé-ralé para outro. O mesmo ocorre com todos os outros adjetivos: belo e feio, gordo e magro, curto e longo, etc. e entre outros. Agora, voltemos ao Amor: é impossível dizer que esta criatura seja mensurada, porque para isso seria preciso definir um ponto de partida e um ponto final, para que então pudéssemos dizer “Olha, nessa fase aqui Ele era grande” ou “Vixe, daqui em diante só caiu, coitado”. O Amor é Eterno! Como poderíamos sequer definir seus limites? Não acredito nesse amor que falam; nesse amor que mensuram.
Quando se ama uma pessoa ou algo, você não percebe se ele cresce ou não cresce, porque Ele já é grande e pequeno ao mesmo tempo, por Natureza! O Amor é a única perfeição que há de existir nessa Terra... Essa coisa de “Ah... não sei mais o que sinto por ela” ou “Sabe, não o amo tanto quanto achava” não é Amor, com maiúscula. É só mais um caso de paixonite aguda, de admiração extrema, de expectativas ao vento. Acredito no Amor que vem às escuras, que você nunca percebe que Ele está lá a te observar, e te guiar. De um Amor que você sente, e apenas isso basta. Um Amor sem frescuras de comparações, do tipo “amo mais que você”.
É engraçado eu escrever isso aqui hoje em dia, mas é aqui aprendi com meus erros, e sinto-me mais seguro de minhas palavras. Mais engraçado será ainda a cara daqueles que me conhecem há algum tempo, e pensam que escrevo tudo isso porque ainda não encontrei meu “grande amor”. Mas essa é a ironia da Vida, e essas são as peças que o Amor, esse cara irônico, prega em mim, desde que cheguei a conhecê-Lo.
Sabe, Victor...
ResponderExcluirVocê tem características marcantes, só perceptíveis nos grandes poetas e prosadores. A lucidez, a coerência e a ausência de medo de ir "bem fundo" nas suas divagações.
O que mais me impressiona em você é essa maturidade de pensamento, que eu acreditava existir apenas nas pessoas mais experientes, mais vividas... aquelas que já "cairam" muitas vezes e se levantaram outras tantas.
Conseguir enxergar o Amor dessa forma é bem próprio dos seres que já mudaram de opinião muitas vezes... que acreditaram primeiro num amor carnal, depois em um amor parceiro... "deslizaram" pelo amor-paixão, sofreram imaginando um amor eterno.
Só a experiência de vida nos leva à conclusão que esse Amor a que você se refere... é sim, um Amor que chega "de mansinho", sem alardes e sem discursos... aquele Amor que preza a liberdade, a privacidade, a individualidade do outro. Um Amor que não exige prioridades, que não concebe ciúmes e desconfianças, que vibra e é feliz pelo simples fato do seu Amor existir.
Guardei seus outros textos pra ler amanhã, com calma... pois o dia foi pesado e estou cansadona... ainda mais pelo calor que está fazendo aqui.
Nos falamos... na "virada da esquina".
Parabéns...