Sara
(Víctor Lemes)
Qualquer morte, pra mim, é como um batente:
Todo mundo passa, um dia, para chegar n'outro lugar.
Esta tarde, quem passou por ela foi a Sara
Minha irmã canina, que cresceu comigo,
Que cresceu em mim, e que agora partiu
Para crescer em outro ser.
O sentimento de perda, em mim, não existe.
Pois, acredito no poder das conexões;
Os laços que criamos juntos
Que nos conectam um ao outro,
Perpetuam em nossas existências
Tanto aqui, quanto acolá.
As lágrimas que chorei esta tarde
Foram de tristeza porque é difícil dizer adeus.
Dizer adeus é uma coisa que você pode até ensaiar
Sua vida inteira, você até pode treinar
O que vai dizer, como vai reagir...
Mas quando ela bate na sua porta,
Não tem palavras para expressar o adeus.
Sinto saudades dela, mas um dia,
Eu sei que ela vai ler essas palavras
E vai sentir que foram para ela,
Cada verso que traduzi dos sorrisos
Que ela me proporcionou nessa vida.
Um dia, ela vai me reconhecer e me receber
De braços abertos, dizendo que estava nos esperando.
Um dia, eu vou passar por aquele mesmo batente
Sem olhar para trás, porque não haverá motivos para tal.
Quem estará me aguardando do outro lado, será ela,
Como sempre foi...
Sara.
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