Dar um tempo

(Víctor Lemes)



Como que pagando uma promessa
Meus dedos e meus ouvidos
E todo o meu coração
Por uma Maria aqui estão.

Ser poeta por uma poesia bonita,
Quando inspirada por uma amiga
Há de sair um presente,
Como ela assim é
Para toda essa gente que
Agora me lê.

Escrevo para uma Maria
Que não gosta da Maria
Que possui...

Estamos conectados nesta vida
Por algum motivo, maior
Do que possamos imaginar,
Maior daquilo que os outros
Costumam chamar de coincidência.

Então, Maria, dê um tempo
Para que o tempo lhe dê
O mesmo presente que nos deu
Quando a ele, também,
Pedimos um tempo.

O tempo nos deu um presente
Que reclama, que chora,
Que ri, que declama, que canta,
Que dança, que bebe à irlandesa,
Que pensa, que sente...
Mas que raramente fala.

Embora seja raramente,
Eu consigo ouvi-la.
Mesmo se seu rosto se mantivesse
Em linha reta, preocupada
Em descobrir novas rotatórias,
Eu consigo ouvi-la.

Por que consigo?
Porque a amo.
(E não só eu, aposto.)

Então, Maria,
Dê um tempo.
Que enquanto ele não existe,
Fico aqui no aguardo
Do seu retorno.

Não se preocupe,
Deixe que a gente
Lhe ame...
Disseram-me uma vez
Que o Amor preenche...





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