Um sonho dentro de outro qualquer
(Víctor Lemes) Aceita este beijo em sua testa! E, ao afastar-me de você agora, Há muito, devia confessá-la: Não está errada ao julgar Que meus dias tem sido um sonho; Mesmo que a esperança tenha voado por aí Numa noite, ou num dia, Numa visão, ou em nada, Há de restar, ao menos, alguma? Tudo que se vê ou que parece ser Não passa de um sonho dentro de outro qualquer. Estou em frente à uma Praia atormentada, E tenho em minhas mãos Areia, estes dourados grãos Tão ínfimos! Mas, ainda mergulham Por entre meus dedos, vão até o fundo, Enquanto estou em pranto – em pranto profundo! Ó Céus! Será que não consigo Abraçá-los, e tê-los sempre comigo? Ó Céus! Será que não consigo salvar Nem sequer um duma pobre onda? Será tudo que se vê ou que parece ser Nada mais é que um sonho dentro de outro qualquer? ** Tradução do poema "A dream within a dream" de Edgar Allan Poe.