Se um dia chegar a ler estes versos, tome-os como um presente meu, neste dia nunca esquecido. (Víctor Lemes) Chego em casa cansado, Mas com um sorriso estampado. O vejo descansando a cabeça sobre o braço, Naquelas mesas de plástico. Ofereço um abraço, Mas nem me vê direito. Está a esconder as lágrimas no rosto. Com dois dedos cutuco um só ombro, A fim de fazer-lhe levantar num susto. Mas a dor que vem lá de dentro É profunda, gera medo. Puxo outra cadeira, sento-me perto, Sussurro algo, A resposta aguardo. Sem sucesso. Ele não está lá mais. Não é como era antigamente, Um olhar forte, Um semblante de paz. Era feliz, era da família, Em casa almoçava, jantava, e dormia. Quantas noites de papo pro ar ficamos, Cada um em seu colchão no chão, A olhar pro teto, relembrando momentos. Naqueles dias de jogos, de filmes, de cantoria, Havia descoberto Que, embora fosse filho único, Havia encontrado, em outro, Um alguém para ser irmão. Hoje, aqui na mesa, estou assim Frustrado... Não sei o que...